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Política Terça-feira, 17 de Julho de 2012, 10:00 - A | A

Terça-feira, 17 de Julho de 2012, 10h:00 - A | A

CPMI

Em carta direta ao STF, Cachoeira pede liberdade

Documento entregue por Andressa a jornalista seria dirigido ao ministro Ayres Britto; "Que coloquem uma tornozeleira em mim; assim poderão saber, 24 horas por dia, onde eu estarei"; Depois de distribuir a carta, família passou a desconversar sobre autori

Brasil 247

 

Depois de ver todos os seus pedidos de Habeas Corpus rejeitados, Carlinhos Cachoeira apelou a uma estratégia um tanto inusitada: enviar uma carta ao ministro Ayres Britto, por intermédio de uma repórter do G1. O documento teria sido entregue por sua mulher, Andressa, que hoje nega a autoria. Entenda o porquê desse mistério no artigo de Gerson Camarotti:

Uma carta de autoria duvidosa gerou polêmica na família do contraventor Carlinhos Cachoeira. Inicialmente, o texto foi atribuído por parentes ao próprio bicheiro, que está preso na Papuda. Depois foi negado. Uma coisa é certa, a carta foi distribuída por familiares de Cachoeira.

A história dessa carta é cheia de mistérios. E o que chama atenção é que no texto não há assinatura do bicheiro. O documento foi entregue à repórter Iara Lemos, do G1, por Andressa Mendonça, mulher do contraventor. Ele é endereçado ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

No entanto, nenhuma carta, pedido ou ofício do tipo foi protocolado no gabinete do presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto. Os advogados do contraventor em Brasília e em Goiânia afirmam desconhecer o documento. Andressa disse, inicialmente, que a carta foi escrita pelo marido e entregue a ela por uma sobrinha dele.

Questionada sobre as contradições, Andressa mudou a versão. Disse que uma sobrinha dele deu para ela dizendo que foi o tio que escreveu. Mas que depois, a sobrinha de Cachoeira desconversou.

Alguns trechos dessa carta também são curiosos. No texto, em primeira pessoa, o suposto Cachoeira faz um apelo pela sua liberdade e diz que aceita usar uma tornozeleira de monitoramento caso obtenha decisão favorável para ser solto. “Que coloquem uma tornozeleira em mim. Assim, poderão saber, 24 horas por dia, onde eu estarei. Que eu fique apenas em casa. Eu me disponho a arcar com os custos de instalar um bloqueador de celular na minha casa”, diz a carta.

Cachoeira, preso desde o fim de fevereiro e acusado de comandar uma quadrilha que explorava o jogo ilegal com a ajuda de políticos, policiais e empresários, já teve pedidos de liberdade negados em diversos tribunais.

Em outro trecho, há reclamações do esquecimento dos amigos. “Não há nas ruas quem queira ser visto comigo. Não há um só político que queira falar comigo ao telefone. Não há um único empresário que queira se associar a minha pessoa. Mesmo os que eram tidos por mim como amigos, agora declaram que não me conhecem”, diz a carta.

Em outro momento, um apelo sentimental: “o contraventor que corrompe homens públicos também tem coração, também chora, também sofre”. “Quero a mesma justiça de Daniel Dantas. [...] Ora Excelência, mande me soltar, e a Constituição será cumprida”, diz o texto em referência ao banqueiro Daniel Dantas, que foi preso em operação da PF em 2008 e teve decisão favorável do STF para ser solto.

 

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