Um casal foi preso na segunda-feira (03.08) em Palhoça, na Grande Florianópolis, após sua filha de três meses morrer por desnutrição no domingo (2). Segundo a Polícia Civil, a criança não era amamentada e se alimentava apenas de uma mistura de óleos vegetais e castanha triturada. Os dois devem responder por maus-tratos.
Conforme o delegado Adriano Almeida, que realizou o flagrante na Delegacia Regional de Palhoça, o bebê tinha as proporções de um feto, 'apenas pele e osso'. "O casal vivia uma vida alternativa em uma comunidade que se denomina 'Vale da Utopia', próximo a praia da Pinheira. Eles alegam que encontraram no local uma forma de tratar a menina que teria nascida 'miúda', como relataram", disse o delegado.
De acordo com o depoimento da mãe, de 27 anos, eles moravam em Joinville, no Norte catarinense, e optaram por se mudar para a comunidade recentemente. A criança teria nascido de nove meses e o parto foi realizado pelo próprio casal. A mãe não realizou pré-natal, o bebê não teria registro civil e nunca teria passado por um médico.
Dieta a base de óleos
Ainda segundo a mãe, a nutrição do bebê era feita apenas com uma mistura de extratos, como óleo de coco e castanha. A mulher, formada em enfermagem, relatou que fez uma cirurgia para a retirada de próteses de silicone, após um processo de rejeição do organismo, e não poderia amamentar.
O próprio delegado afirma ter se impactado com o caso. "Há seis anos trabalho na delegacia de homicídios, vemos diariamente casos chocantes. Mas eu nunca presenciei algo como o descaso que esse casal tratava a criança".
Ele afirma que os dois não se disseram arrependidos do tratamento alternativo. "A mãe falou que o bebê transcendeu, virou luz e vai iluminar a Terra".
A menina morreu por volta das 22h de domingo e o Samu foi acionado às 2h de segunda. O médico do Samu constatou desnutrição no atendimento ao bebê. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e o resultado da necropsia deve sair nos próximos dias.
Presos
Após depoimento, os dois foram detidos na Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI). A mãe foi encaminhada para o Presídio Feminino de Florianópolis. O pai, de 30 anos, segue na delegacia nesta terça (4) aguardando vaga no sistema prisional.
Se condenados, a pena por maus-tratos agravado por morte é de 4 a 12 anos e pode aumentar por se tratar de um menor de 14 anos, informou a Polícia Civil.
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