O julgamento do assassino – réu-confesso, Anastácio Marafon começou nessa quinta-feira, (09.07), no Tribunal do Júri de Santo Antônio de Leverger (Baixada Cuiabana, a 25 KM da Capital), e terminou na madrugada de hoje (10.07) e o acusado foi absolvido. Ele foi julgado pela morte do seu próprio patrão, o ex-prefeito de Primavera do Leste e ex-secretário de Estado, Francisco Vilceu Marchetti, ex-homem de confiança dos ex-governadores, Blairo Maggi (PR) atual senador e Silval Barbosa (PMDB), acusado na época, como líder de uma organização criminosa. Uma verdadeira quadrilha que “assaltou” os cofres públicos com cobrança de propinas que passaram dos R$ 80 milhões para compra de mais de 1.000 veículos pesados, inclusive ônibus e tratadores.
A reportagem do Portal de Notícias 24 Horas News traz à tona os nomes de seis pessoas, entre elas Marchetti, que morreram estranha, e misteriosamente depois que foram denunciadas, envolvidas e investigadas em vários crimes financeiros, inclusive “lavagem” de dinheiro roubado dos cofres públicos de MT e da União. Investigações da Polícia Federal (PF) dentro da “Operação Ararath” Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público Estadual (MPE).
A lista:
Primeiro – Vilceu Marchetti, de 63 anos, que também estava sendo investigado pela Polícia Federal (PF) dentro da “Operação Ararath” e pelo Ministério Público Estadual (MPE). Estranhamente o ex-secretário morreu a tiros no dia sete de julho de 2014, dias antes de um depoimento que faria à PF. Coincidência ou não, Marchetti está entre a seis vítimas mortas de maneira misteriosa e que também estavam sendo investigadas pela PF e pelos MPF e MPE.
Segundo – Ademar Adams, na época com 49 anos, ex-secretário geral da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, morto em 25 de outubro de 2010. Sua morte, segundo a Polícia, aconteceu quando ele descobriu que estava sendo investigado, e que a Polícia tinha fotos e filmagens onde ele aparecia recebendo dinheiro sacado de de bancos de Cuiabá e Várzea Grande para pagamentos “fantasmas” da Assembleia Legislativa.
Terceiro - O milionário Túlio Mauro, ex-caso de Karina Nogueira, ex-mulher do delator do bilionário esquema de roubo aos cofres públicos que gerou a “Operação Ararath. Túlio se suicidou com um tiro no meio do peito em dois de dezembro de 2013 dentro de seu luxuoso apartamento no bairro Duque de Caxias, área nobre de Cuiabá. Um suicídio, segundo a Polícia, misterioso com um tiro de escopeta calibre 12, que chamou a atenção da Polícia.
Quarto – O empresário Carlos Garcia Bernardes, na época com 62 anos, encontrado morto dentro de sua mansão no Lago de |Manso. Garcia, que era dono da Construtora Encomind, investigada na “Operação Ararath” se suicidou em 17 de fevereiro de 2012. O milionário se suicidou com golpes de uma arma parecida com um punhal com perfurações no pescoço, pelas costas. Uma das perfurações atravessou a língua de Garcia.
Quinto – O empresário Alex Montanari Ortolan, na época com 39 anos, também investigado pela PF dentro da “Operação Ararath” morreu em 20 de junho de 2014 em um hospital de São Paulo. Alex, segundo as investigações, sofria de um câncer, mas seu estado de saúde era considerado bastante controlado e estável, sem eminente risco de morte, por isso do mistério dele ter morrido assim, de uma hora para outra.
Sexto – Eduardo Jacob, cuja morte repentina, também chamou a atenção da Polícia. Ele era considerado um homem sadio. Só que, segundo seus próprios amigos, quando descobriu que estava sendo investigado dentro do “escândalo” da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, onde ele também foi secretário geral, acabou sofrendo um infarto fulminante.
Intrigante - Um dos casos mais intrigantes, apesar de todos terem chamado a atenção da própria Polícia, foi a morte de Marchetti. Como a Polícia não conseguiu esclarecer uma dúvida sobre os motivos do crime que envolveu Vilceu Marchetti, o caso chegou ao Tribunal do Júri no Fórum de Leverger ainda mais cheio de mistério. Foi um crime passional? Foi um crime encomendado a mando de alguém?
O debate entre a defesa do acusado e a acusação de um promotor do Mistério Público bateu, o tempo todo, justamente na tecla do mistério do motivo do assassinato. Mistério que, segundo os especialistas em julgamento no Tribunal do Júri, deveria ter sido investigado pela Polícia antes do julgamento, o que parece não ter acontecido.
A defesa do assassino bate na tecla de que ele matou em legítima defesa, primeiro porque a vítima também teria atirado, e segundo porque teria agido em legítima defesa da honra, já que a vítima teria tentado violentar a mulher do réu, chegando cantá-la, falando ao seu ouvido: “você é gostosa”.
Exclusiva - A Polícia já tinha uma informação logo após a morte de Marchetti, que pode mudar os rumos das investigações do assassinato do ex-secretário de Estado do Governo de Mato Grosso, Francisco Vilceu Marchetti. A mulher do assassino Anastácio Marafon, réu-confesso, preso logo após o crime, teria recebido uma casa de “presente” antes da morte de Vilceu. A fácil prisão do matador seria apenas uma farsa previamente montada, como se fosse um “peça” de teatro.
Existem suspeitas, inclusive da própria Polícia, que no entanto não conseguiu provar nada, de que Marchetti tenha sido vítima de um "crime encomendado" como "queima de arquivo". E logo em seguida os mandantes teriam montado uma verdadeira peça de teatro para tornar o assassino uma vítima ao matar para defender a honra da mulher amada. Teatro que pode agora conversar os próprios jurados que julgaram o caso.
A informação que a reportagem recebeu, sobre o "presente da casa" a mulher do assassino, uma pessoa que estava em Santo Antonio de Leverger há apenas 15 dias, foi compartilhada com a delegada Anaíde Barros, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). “Nós também já recebemos essa informação em forma de denúncia”, afirmou a delegada Anaíde.
Foi a delegada Anaíde que fez a liberação do corpo de Marchetti na noite de sete de julho do ano passado direto do local do crime, a Fazenda Marazul, localizada em Santo Antonio de Leverger (Baixada Cuiabana, a 25 quilômetros de Cuiabá), para o Instituto Médico Legal (IML).
Logo em seguida ao crime, que aconteceu por volta das 19 horas de sete de julho do anos passado, o assassino, o caseiro da família, foi preso em flagrante com muita facilidade e ainda confessou o crime, alegando que “matei porque ele (Marchetti) abusou da minha mulher, passando a mão nas nádegas dela”.
A prisão fácil, e confissão ainda mais fácil, em princípio, colocou um balde de água fria, inclusive nas investigações, pois o assassino deixou no ar as alegações de que era um homem honesto, trabalhador, e que matou em legítima defesa da honra. Ou seja, possivelmente, segundo analistas e especialistas em investigações criminais, o matador teria sido muito bem orientado antes do crime para falar o que falou, inclusive para confessar o crime.
Só que, segundo ainda a reportagem investigou e a Polícia também confirmou, Marafon que já tinha passagens pela Polícia por crime de porte ilegal de arma de fogo, estava trabalhando na Fazenda Marazul a cerca de 15 dias. A facilidade da confissão e, principalmente o trabalhador possuir uma arma sem o conhecimento dos patrões, também chamou a atenção da Polícia.
Na primeira audiência de instrução, antes do julgamento no Tribunal do Júri, até o promotor de Justiça Natanael Fiúza, que acompanha o caso do assassinato, afirmou categoricamente que "não estou seguro de que as provas apresentadas pela Polícia Civil indicam que o caso se trata de crime passional”.
Para o promotor de Justiça, as provas apresentadas pela Polícia Civil não garantem que o crime foi motivado por ciúmes que Marafon supostamente teria sentido de sua esposa. “As provas constantes no processo, para mim não são seguras o bastante para demonstrar que a razão foi passional. Não há elementos que provem o contrário, mas não podemos desconsiderar nada”, afirmou.
O planejamento da morte de Marchetti, peça chave nas investigações do “Escândalo dos Maquinários” envolvendo alta autoridades do Estado, teria sido realizado, justamente em cima da vida pregressa dele, com duas passagens pela Polícia por crime de estupro. Ou seja, o ex-secretário seria um “alvo fácil”. Fácil até de montar uma “peça” de teatro como álibi.
Vilceu Marchetti estava sendo investigado no “Escândalo dos Maquinários”, que foi a venda de mais de 1.000 veículos pesados: tratores e ônibus escolares de algumas empresas para o Governo de Mato Grosso, meses antes das eleições de 2010. A venda teria sido superfaturado com prejuízos, na época em mais de R$ 44 milhões, que teriam sido devolvidos em forma de “propina”.
O caso saiu da esfera de Cuiabá. Ou seja, saiu da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) foi transferido misteriosamente para a Polícia Civil de Santo Antonio de Leverger, uma delegacia sem um mínimo de estrutura para investigar um caso de muita repercussão, também esta sendo visto como suspeito pela Justiça.
A transferência aconteceu logo após o flagrante lavrado na DHPP, em Cuiabá. A reportagem não conseguiu confirmar se essa denúncia sobre o “presente” da casa estava nos autos do processo criminal.
Agora, um ano depois, surgiu dentro do Tribunal do Júrio, uma informação da defesa do acusado, de que a vítima estava armada e atirou primeiro contra Marafon, que para se defender atirou três vezes contra o rival.
Só que, segunda ainda a reportagem apurou, no dia do crime a vítima estava deitado na cama dormindo quando foi assassinado. A Polícia Militar também fez buscas na casa no dia do crime e encontrou três espingardas sem uso em outro cômodo da casa. Ao lado do corpo, segundo ainda a Polícia Militar, não havia nenhuma arma de fogo.
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