A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), deflagrou nesta terça-feira (14.12), a Operação "Fake News", para desarticular possível associação criminosa envolvida em crimes de calúnia, difamação, injúria, perseguição e falsa identidade contra empresários, servidores e agentes públicos de Mato Grosso.
Conforme a Polícia, estão sendo cumpridos seis mandados de busca e apreensão, um deles, na Prefeitura Municipal de Cuiabá.
Entre os alvos está o irmão do prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB), o empresário Marco Polo de Freitas Pinheiro, o Popó. Além deles, são investigados William Sidney Araújo de Morais, ex-servidor da Secretaria de Saúde, e outro ex-funcionário da pasta. As notícias falsas foram divulgadas durante horário de expediente.
Segundo o delegado da DRCI, Ruy Peral, dentre os investigados, também está um homem de 37 anos, de alta periculosidade, condenado à pena de 16 anos e 11 meses de prisão por ser um dos líderes de “quadrilha” que praticou furtos qualificados contra bancos em Mato Grosso e nos Estados de Goiás e Tocantins.
“Atualmente ele é funcionário contratado da Secretária Municipal de Saúde e figura como suspeito de praticar delitos de roubo majorado, extorsão, ameaça, calúnia, difamação e injúria. É temerário que um indivíduo de tal periculosidade e que ainda cumpre pena no regime semiaberto seja integrante da possível associação criminosa investigada”, disse o delegado.
As investigações identificaram que eles estariam envolvidos na realização de ataques ofensivos e/ou propalar fakes news, aparentemente previamente ajustados, com as suas identidades expostas ou veladas (por números cadastrados fraudulentamente em nome de terceiros), através das redes sociais divulgando montagens de fotografias e vídeos.
Além de falsas notícias que atingem vereadores e empresários, é apurada nas investigações a divulgação de notícias falsas contra o governador do Estado, Mauro Mendes, o secretário-chefe da Casa Civil Mauro Carvalho, a primeira-dama, Virgínia Mendes, além de detetives particulares, delegado-geral da Polícia Civil, outros delegados, comandante-geral da Polícia Militar e outros oficiais, que estariam realizando a captação/escuta ambiental clandestina de conversas e de reuniões realizadas com parlamentares estaduais.
A natureza falsa da notícia foi devidamente provada após a realização de minuciosa perícia no Palácio Paiaguás pela Politec e demais elementos colhidos nos autos da investigação.
Nesse mesmo contexto da divulgação de notícias falsas da gravação/captação clandestina, visa-se colher elementos informativos sobre a indevida e prematura atribuição de autoria de contratação de detetive particular pela primeira-dama do Estado e pelo governador do Estado para fins de investigar e cometer assassinato de reputação contra um jornalista.
O cumprimento dos mandados conta com apoio das equipes da Gerência de Combate ao Crimes Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Combate a Corrupção (Deccor) e Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz), sob a coordenação da DRCI.
As ordens judiciais têm o objetivo de instruir inquéritos policiais que tramitam na DRCI quanto à produção e disseminação de notícias falsas e de cunho ofensivo por meio da rede social/aplicativo de mensagens e outros meios em desfavor das vítimas.
Os investigados podem ser condenados, no presente caso a penas que ultrapassam dez anos de prisão.
Outro Lado — Em nota, a assessoria da Prefeitura de Cuiabá negou qualquer cumprimento de mandado de busca e apreensão nas dependências do Palácio Alencastro.
Nota
A Prefeitura de Cuiabá esclarece que nenhuma ordem judicial referente a ação policial deflagrada na manhã de hoje (14/12), pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), foi cumprida no Palácio Alencastro. Informa ainda, que os dois citados no bojo da investigação não atuam mais perante o Executivo Municipal.
A defesa de Popo Pinheiro, patrocinada pelo advogado Francisco Faiad, emitiu nota sobre a operação. Confira abaixo nota na íntegra:
NOTA — MARCO POLO DE FREITAS PINHEIRO
Foi tristeza e assombro que nesta manhã se confirmaram os indícios mencionados pela imprensa nos últimos dias de que uma operação policial seria realizada na casa de Marco Polo, irmão do Prefeito Emanuel Pinheiro.
As suposições de que uma operação seria realizada era divulgada diariamente por políticos adversários do Prefeito.
Foram apreendidos aparelhos de celular e tablets utilizados em pesquisas que a empresa de Marco Polo realiza.
Por três vezes Marco Polo requereu a autoridade policial e ao Juiz de Direito do caso para que fosse designada data para sua oitiva, comprometendo-se a entregar espontaneamente aparelhos de celular e computadores, mas em nenhum destes requerimentos obteve resposta.
Preferiu-se a operação midiática, obviamente por questões políticas.
A defesa aguardará as apurações, mas desde já garante a inocência de Marco Polo, sendo que os excessos serão objeto de representações conforme prevê a lei.
FRANCISCO ANIS FAIAD
Advogado
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