A semana foi de negociação no Ministério do Planejamento. Nos últimos 15 dias, foram 60 reuniões com servidores federais em greve. Até agora, apenas duas categorias aceitaram fecharam acordo com o governo.
Os técnicos-administrativos das universidades federais concordaram com 15,8% em três anos. Já a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições de Ensino Superior (Proifes), que representa a minoria dos professores, aceitou reajuste de 25% a 40% para os docentes.
Enquanto a situação não muda no interior do prédio, do lado de fora a população é obrigada a conviver diariamente com protestos fechando o trânsito ou causando filas. Além disso, o clima das manifestações está cada vez mais tenso.
No final da tarde de quinta-feira 23, a Polícia Militar do DF usou spray de pimenta para tentar conter pedras e bandeiras atiradas pelos cerca de 500 manifestantes do Poder Judiciário e do Ministério Público. A confusão começou depois que um dos manifestantes derrubou uma parte da grade de proteção instalada na Praça dos Três Poderes. A polícia reagiu e houve empurra-empurra.
No Rio de Janeiro, o protesto também acabou em violência. Professores, alunos e servidores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro queimaram pneus na Avenida Radial Oeste e da Rua São Francisco Xavier. Em nota, a Polícia Militar admitiu que lançou bomba de efeito moral para dispersar o grupo. A PM alega que os estudantes depredaram um caixa eletrônico instalado no terreno da universidade".
A manhã desta sexta-feira 24 foi mais pacífica. Servidores do Ministério da Cultura e instituições como Iphan, Biblioteca Nacional, Funarte, Fundação Palmares e Ibram realizam protesto vestindo pijamas, em frente ao Palácio do Catete, Museu da República. No mesmo local e data, em 1954, Getulio Vargas suicidou-se, também trajando roupa de dormir.
Em Minas, a manifestação foi da Polícia Rodoviária Federal, em greve nacional desde segunda-feira 20. Os detentores de funções gratificadas na PRF colocaram seus cargos a disposição da corporação hoje. A entrega foi feita às 11h, na sede da Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no bairro Cidade Industrial, em Contagem. Ontem representantes do sindicato se reuniram com a pasta, mas não aceitaram a oferta base de 15,8% até 2015.
No Distrito Federal, 15 dirigentes da PRF também entregaram seus cargos na quarta-feira 22. "Foi um ato de protesto pelas condições como a categoria vem sendo tratada. Eles não querem mais fazer parte deste governo", explicou no dia o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Distrito Federal (SinPRF-DF), Reni Rocha dos Santos.
Em Teresina, no Piauí, servidores fantasiados e carregando faixas distribuíram bananas pelas ruas da cidade. Em Salvador, 30 navios esperam a liberação para atracarem.
Prazo
Desde 6 de março, quando começou a campanha salarial, foram realizados mais de 180 encontros. Apesar disso, não foi possível chegar a um denominador comum com os servidores.
A meta era de que até segunda-feira 27, todos os acordos estivessem assinados. O Planejamento admite que pode não ser possível cumprir o objetivo, mas destaca que quem não aderir à proposta do governo em tempo hábil pode ficar sem reajuste.
Nesta semana, o governo anunciou o corte no ponto de 11 mil grevistas.