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Nacional Quinta-feira, 01 de Novembro de 2012, 08:02 - A | A

Quinta-feira, 01 de Novembro de 2012, 08h:02 - A | A

Onde de violência

Dois PMs são mortos a tiros em favela de SP

G1.com

 

Dois policiais militares e pelo menos outras três pessoas morreram na madrugada desta quinta-feira (1º) na capital paulista e na região do ABC. Outras duas pessoas foram baleadas no Centro de São Paulo.

Os PMs, que exerciam a profissão há mais de dez anos, estavam de folga e foram atingidos por pelo menos cinco disparos na Rua Paraíba, na favela de Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo. Eles foram levados ao Pronto-Socorro do Hospital Heliópolis, mas não resistiram.

A PM não soube informar as circunstâncias do ataque. “Nós não temos como dizer se tiveram tempo hábil para fugir”, disse o sargento Roanderson Rodrigues. A polícia  não sabe se eles estavam armados no momento do ataque. Os documentos dos PMs também não foram encontrados.

Uma moto sem placa foi encontrada lado do soldado da Força Tática e ao cabo das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam). Segundo a polícia, ela não pertencia aos policiais.

Horas mais tarde, a moto de um dos PMs foi encontrada na Avenida Guido Aliberti, em São Caetano do Sul, no ABC. Uma testemunha disse à polícia ter visto uma pessoa deixar a moto e fugir em um carro. O crime deve ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Na região central de São Paulo, dois homens foram baleados, na Rua Canindé, no Pari, por uma dupla que estava em uma moto. Eles foram socorridos, mas não corriam risco de morrer.

Na Zona Sul da capital, um vigilante noturno foi executado com cinco tiros nas costas na Avenida Nossa Senhora do Sabará, no Campo Grande. Ele foi encontrado dentro do próprio carro. No Parque São José, na região de Santo Amaro, também na Zona Sul, um homem de 30 anos foi baleado na rua e morreu no Hospital do Grajaú.

Na região do ABC, um homem foi baleado na Vila Gilda, em Santo André, e morreu. Os pertences encontrados no local do crime indicam que a vítima era um morador de rua.

Ajuda federal

O aumento recente do número de homicídios na Grande São Paulo e as execuções de PMs provocaram desentendimentos entre os governos estadual e federal. Desde o início do ano, 86 policiais foram executados.

Brasília oferece parcerias em um plano de inteligência contra o crime. O governo paulista reivindica verba para equipamentos. Nesta terça-feira (30), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, trocaram críticas sobre a ajuda.

Primeiro, o secretário negou ter recebido oferta de apoio formal, disse ter apenas recebido visita de cortesia do ministro em julho e ainda questionou qual seria o papel da Polícia Federal na onda de violência. Após as declarações, à tarde, o ministério divulgou nota rebatendo Ferreira Pinto.

"Controle absoluto", diz secretário

Em entrevista ao G1 na noite de quarta-feira (31), o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, afirmou que a situação é de "absoluto controle" no estado. Ele negou haver uma "guerra" entre policiais e traficantes.

"O que existe são homicídios praticados por grupos conflitantes na disputa de pontos de distribuição de entorpecentes. Existe também uma ação contra policiais militares por “n” razões", afirmou. "E a gente, só depois de prendê-los, é que nós vamos saber a motivação desses crimes."

Ferreira Pinto reafirmou que o governo do estado tenha recebido oferta concreta da ajuda. "Eu entendo que eles têm algo a oferecer na compra de equipamentos para a polícia técnico-científica, na área de inteligência. Não estamos pedindo dinheiro para custeio. Estamos pedindo dinheiro para elaboração de projetos", complementou.

O secretário disse que, na próxima semana, vai reiterar o pedido de quase R$ 149 milhões para ajuda na compra de equipamentos. Ele afirma não ter discutido propostas sobre planos de ações mútuas. "Nunca sentamos em uma mesa para tratar de plano conjunto. Isso aí precedia uma reunião com os técnicos da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública, órgão subordinado ao Ministério da Justiça), com os técnicos da Secretaria da Segurança Pública. Essas coisas não se fazem do dia para a noite", afirmou.

Sobre a declaração de Cardozo, que falou que o homem público tem que ter humildade e que arrogância não resolve nada, o secretário disse ter sido mal intepretado. "Ele confundiu os sentimentos. Eu estava realmente indignado", afirmou. "Um dia antes da eleição ele vem dizer que ofereceu recursos para São Paulo", afirmou.

Ferreira Pinto disse ser normal a oscilação na taxa de homicídios no estado. Em 1999, a taxa de homicídios era de 35,2 por 100 mil habitantes e caiu para 10 e voltou a se elevar. "Essa oscilação é natural. Nós há muito tempo não tínhamos chacina aqui na capital, no interior. Ontem (terça) teve uma em São Carlos. Então isso aí acaba elevando o número de homicídios", afirmou. "A tendência é voltar ao patamar de 10,5, 10,10, como era antes", disse.

Sobre a crítica de que o governo estadual tenha feito uma escolha política ao não fazer operação em Paraisópolis, ele nega que a ação tenha sido protelada por causa das eleições. "Não foi escolha política. Fizemos todo um planejamento e aí veio aquele período em que não se poderia prender ninguém, aquela restrição da Lei Eleitoral", afirmou.Segundo ele, a operação deve durar 25 ou 30 dias.

 

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