O grande destaque do evento de lançamento do Campeonato Estadual nunca disputou uma partida sequer pelo torneio. Mas é considerado um patrimônio para todos os torcedores. Com o auxílio de um andador, Pelé subiu no palco da Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, como embaixador da competição. O Rei, que marcou seu gol mil no Maracanã, foi ovacionado e recebido de pé por todos.
- Antes de entrar aqui no palco eu estava discutindo com meu assessor se iria entrar com andador ou com um companheiro. Eu falei: "Poxa, primeira vez que Deus me dá uma chuteira nova. Por que não vou mostrar, né?" - brincou o ex-jogador.
Havia a expectativa de como Pelé entraria no palco. No sorteio da Copa, realizado em Moscou, em dezembro, ele chamou a atenção pelo uso da cadeira de rodas. Segundo o Rei, ele já está em fase final de recuperação das cirurgias feitas por conta de dores.
- Estou bem, quero agradecer primeiramente a Deus. Recebi muitas mensagens de boa recuperação de todos os lugares do mundo. Todos dizendo que estavam mandando forças para eu recuperar minhas energias. Nestes dois anos e meio, fiz duas ou três cirurgias. Troquei osso do fêmur, do menisco, da coluna... Mas graças a Deus estou aqui e agradeço a todos que torceram por minha recuperação.
Apesar de ter uma cadeira a sua disposição, Pelé ficou de pé o tempo todo. Além de falar ao público, ele presenteou todos os patrocinadores do campeonato com uma placa. O tricampeão do mundo com a seleção lembrou de sua primeira convocação, ocorrida após um jogo contra o Vasco.
- A maioria dos presentes não sabem, eu disputei um combinado entre Santos e Vasco, com 15 anos, e na época estava tendo convocação para a Copa Roca (duelo entre a seleção brasileira e a argentina). Eu fui convocado, foi onde tudo começou. Então mais uma vez eu fico muito grato de estar aqui no Rio de Janeiro - disse Pelé. - Aqui que eu saí para o mundo do futebol.
A Taça Guanabara, primeiro turno da fase principal do Estadual, começa nesta terça. O jogo de abertura será entre Botafogo e Portuguesa, no Nilton Santos. Na edição 2018, os turnos terão importância maior do que ano passado devido a alterações na tabela. Desta vez, os campeões da Taça GB e da Taça Rio têm vaga garantida nas semifinais, com a vantagem do empate. Os outros dois times de melhor campanha também se classificam.
Caso a mesma equipe vença os dois turnos, ela terá vaga direta na final, que, neste caso, será em jogo único. O segundo finalista será decidido num quadrangular entre os outros quatro de melhor campanha.
Outra novidade está nas regras de substituições. Serão cinco por time em cada partida. Mas o jogo só poderá ser paralisado três vezes, como já ocorre hoje em dia. Além disso, os treinadores poderão relacionar até 12 jogadores para o banco de reservas. Nos estádios em que as cabines ainda não foram adaptadas para este número, segue o valendo o máximo de sete reservas.
O evento de lançamento contou com representantes dos clubes. Mas nem todos os quatro grandes se fizeram representar. Foi o caso do Vasco.
Sobre situação atual do futebol
"Não tem nada a ver com o passado. Quando fala de passado só vitórias alegrias e Copa do mundo. Não tem o que comparar. É triste que aconteça. Mas infelizmente isso não é só no Brasil, é no mundo todo. Uma desordem. Principalmente pelos governantes. Você vê também nos Estados Unidos. Nós não podemos fazer comparação porque até uns anos atrás o Brasil era onde mais se falava em futebol. Hoje fala na Europa, até na China. Há pouco tempo atrás quando vc falava em craques falava em Eusébio, Cruijff, Zico, Pelé, Sócrates... Hoje vc fala em três no máximo. Antes tinha em cada time. Hoje se forem perguntar a um garoto quem é ídolo dele vai falar Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar. Mas depois fica difícil achar alguém neste nível. É muito ruim o que está acontecendo no mundo do futebol. Não temos muitos craques, temos bons jogadores, mas nivelou muito o futebol. Estamos atravessando fase difícil no futebol. Mas vai passar".
Sobre a situação atual do Maracanã
"Infelizmente o que aconteceu no Maracanã não é o fato de ter sido no Maracanã. Essa decadência foi em todo o país. Às vezes eu fico quieto porque muitas vezes tem colegas jornalistas que não entendem direito e criam coisas que não são verdadeiras. A gente está preocupado com o Maracanã mas não lembra dos hospitais, do povo, que pessoas morrem de fome. Porque ninguém fala nisso? Tudo bem que o Maracanã foi de uma época que colocava 80 mil e hoje não põe mais. Mas temos que nos preocupar é com hospitais, com os pobres. Se não tiver Maracanã bota jogo no estádio do Vasco. Agora, vamos pensar no povo, na saúde, nas crianças, das quais eu falava há 30, 40 anos. São os adultos de hoje. Se tivéssemos dado educação a elas não teríamos hoje tanto ladrão e gente nas cadeias. E as cadeias hoje estão repletas de políticos, gente que deveria governar. Eu tinha que falar de alguma maneira, desabafei".
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