O médico Cláudio Maurício, diretor do Departamento de Performance do Fortaleza, confirmou em entrevista ao Fantástico na noite desse domingo (25.02) que os jogadores do time, que sofreram ataques na madrugada da última quinta-feira (22), poderiam ter sido vítimas fatais. Conforme informado por Cláudio, os atletas sofreram pelo menos 1.200 lesões.
“Nós estamos falando de seis atletas periciados. Dos seis, eu acompanhei pelo menos 1.200 lesões nesses atletas. A natureza das lesões fala por si só. Temos lesões contusas, perfurantes, queimaduras de segundo grau, lesões com deformidade definitiva. Temos lesões que não vão se apagar mais, que são cicatrizes definitivas”, disse Maurício antes de completar: “Não tenho dúvidas de que não estamos hoje velando alguém por segundos ou pela mão de Deus. Porque muitas das lesões poderiam ser fatais por centímetros”.
O médico confirmou também que as lesões sofridas pelos jogadores podem causar traumas psicológicos. “Isso é difícil de mensurar, mas os estudos já mostram que o estresse pós-traumático tem efeitos, têm causas somáticas real. Não é apenas a forma que você reage, aquilo tem alterações hormonais de alguns segmentos cerebrais que levam à mudança na sua rotina mesmo’, afirmou ele.
Cláudio disse, ainda, que o caso mais crítico é do jogador argentino Escobar. Conforme confirmado pelo médico, o lateral precisou de 13 pontos, além de ter acordado horas depois do ocorrido dentro da Unidade de terapia intensiva (UTI).
“O caso mais crítico é o do lateral Escobar. O jogador levou 13 pontos entre a boca e a sobrancelha e é o jogador que precisará de mais atenção e tempo até retomar os treinos. A situação dele é de dar dó, o que ele está passando nesses primeiros dias. No primeiro momento ele não tinha condição nem de ir ao hospital mais especializado. Ele foi para o hospital mais próximo e deu entrada na UTI até recobrar a consciência e poder ter os primeiros cuidados”, relembrou o médico.
O lateral-esquerdo foi diagnosticado com um traumatismo cranioencefálico, além das múltiplas lesões. Apesar dos esforços da equipe, o médico garante que alguns jogadores estão precisando de apoio psiquiátrico.
“ A gente fez uma brigada, uma força-tarefa para conseguir dar esse suporte psicológico para eles. Nem todos os atletas têm família aqui, alguns têm, alguns uma parte apenas. A gente tem tentado ir à casa deles para dar esse suporte, mas também trazê-los para o clube, até porque o convívio com os colegas ajuda. Às vezes vai ficar isolado, você fica revivendo aqui, na sua mente, não dorme bem, acorda mal. Estamos oferecendo suporte psiquiátrico, com medicação para quem a gente acha que tem indicação nesse momento. E assim vamos tentar aos poucos reintegrá-los, mas respeitando a dor de cada um”, concluiu.
A equipe do Fortaleza se apresentou neste fim de semana. O treino foi aberto aos torcedores, que compareceram em peso para demonstrar apoio ao clube.
O Leão do Pici solicitou que a data do próximo jogo fosse alterada. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acatou o pedido e a partida entre Fortaleza e Fluminense-PL que aconteceria no dia 29 de fevereiro foi adiada para o dia 03 de março.
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