Nem a euforia de 2006, muito menos o confinamento de 2010. Para a Copa de 2014, em casa, Luiz Felipe Scolari já tem um plano para o torcedor da seleção brasileira. Com a preparação confirmada para Granja Comary, em Teresópolis, o campeão mundial de 2002 imagina liberar a entrada dos fãs em alguns momentos, mas sem o que ele define como "oba-oba do inferno".
- É preciso que todos saibam que vamos trabalhar para ganhar a Copa do Mundo. E muitas vezes não podemos ficar abrindo portões para todo mundo. Se não vai ser um oba-oba do inferno - resumiu, em entrevista ao GloboEsporte.com.
Há um ano comandando novamente a Seleção, Felipão está muito otimista com a possibilidade de conquista do hexacampeonato. O treinador vê o time pronto para a disputa e confia em Neymar como homem decisivo. Sobre as eleições na CBF, prevista para abril ou maio, Felipão não fica em cima do muro.
- Pelo que os vejo fazerem no momento, têm meu apoio integral – disse, em relação à gestão de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, candidatos da situação.
Confira abaixo os principais tópicos do bate-papo com Felipão, realizado na última segunda-feira, no Morumbi, em evento de patrocinador do técnico da Seleção.
Rumo ao hexa - A seleção brasileira está pronta. Vamos sempre tentar mudar alguma coisa, implementar algo, mas, neste momento, está pronta. Agora, como temos jogadores em campeonatos desde agora até maio do ano que vem, na convocação, muita coisa pode acontecer. É claro que tenho uma ideia da base. Já tenho lá 20, 21 que já imagino estarem prontos para jogar. Mas como sempre tem alguma dificuldade, sempre tem um ou outro para ser chamado caso precisemos.
Sem oba-oba na Copa do Mundo - Já temos um trabalho todo montado e vamos dar possibilidades de a torcida assistir a algum treino ou não, dependendo do aspecto Fifa. Então, não vai ter nenhum problema em relação à Granja Comary ou outros lugares. Apenas é preciso que todos saibam que vamos trabalhar para ganhar a Copa do Mundo. Muitas vezes não podemos ficar abrindo portões para todo mundo. Temos de ter normas e segui-las bem, se não vai ser um oba-oba do inferno. E não vamos aceitar, não.
Um ano de Felipão - O trabalho até aqui foi bom. Penso que a comissão técnica, com o (Flávio) Murtosa (auxiliar técnico), o Parreira (coordenador técnico) e todos os demais, foi bem. Iniciamos um pouco titubeantes em como fazer, de que forma iríamos jogar, mas logo depois do segundo, terceiro mês, tivemos conhecimento completo de toda situação. Evoluímos de tal forma que podemos dizer que hoje temos uma equipe definida, uma característica de jogo.
Evolução de Neymar - Ele já jogava assim no Santos. O que sempre falei e falo agora, por estar convivendo com ele na Seleção, é que continua o mesmo. Agora no Barcelona talvez esteja mais participativo na forma de jogar, porque são outros jogadores, com características diferentes daqueles do Santos. Mas ele continua sendo humilde, dedicado, um jogador que faz a diferença. Não tenho o que acrescentar nem diminuir. Ele fez bem de ir para a Europa.
Camisa 9, um problema? - Eu não vejo assim, porque os jogadores que coloquei na Copa das Confederações e amistosos deram resultado. Até agora, por exemplo, quando jogamos fora do Brasil e levamos um jogador que não é o 9, também deu resultado. Aqueles que jogaram naquela posição, para mim, foram bem.
À espera de Fred - Sim. Eu espero normalmente a recuperação do Fred. Depois, no ano de 2014, um início de ano e um trabalho normal para continuarmos observando. E que a evolução física dele seja muito boa. Ligamos regularmente para saber como está. Geralmente eles têm mandado vídeos da recuperação para o Runco (médico da seleção brasileira). Está muito boa a integração dos departamentos médicos dos clubes com o nosso.
Amistosos em 2014 - Se pudéssemos ter dois ou três era ainda melhor. Eu testaria mais sistemas. Mas não tem o que discutir (antes da convocação final, o Brasil enfrentará apenas a África do Sul, dia 5 de março, em Joanesburgo). Para os jogos que teremos dias antes da estreia no Mundial, já passamos à empresa que mantém o contrato com a CBF que tipo de equipe nós queremos. Pedimos que os parâmetros sejam respeitados porque estaremos em fase de pré-temporada. Quando chegar a hora vocês vão saber quais serão as seleções. Provavelmente serão times que não estejam na disputa da Copa do Mundo.
Copa com os oito campeões - É bom, porque se não sempre vai faltar um. E se ganhar, com os oito disputando, ninguém vai falar nada. Eu acho que as seleções que se apresentam em grandes condições nesse momento são Alemanha, Espanha, Argentina, Itália, pela tradição. Tem também Bélgica e Colômbia, que são surpresas.
Eleições 2014. No Brasil e na CBF - As eleições no país são depois da Copa do Mundo. É uma situação que pode ser administrada, bem ou mal, pelas pessoas que têm de administrar. E a eleição na CBF é uma que não tenho como participar ou emitir alguma opinião, a não ser um apoio às pessoas que lá estão e que confiaram muito em mim, caso do Marín (atual presidente) e do Marco Polo Del Nero (candidato da situação). Pelo que vejo eles fazerem no momento, têm meu apoio integral.
Cruzeiro campeão brasileiro: um exemplo - Uma equipe muito bem organizada pelo Marcelo Oliveira. Não tem grandes destaques, mas espetacular como equipe. Tem semelhança com a seleção brasileira, porque todos participam. Tem um que sobressai num jogo, outro no outro.
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