O Escritório Federal de Justiça da Suíça confirmou, nesta quarta-feira (27), que o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin, está entre os nove presos acusados de envolvimento em esquema de corrupção na Fifa, em lista que ainda conta seis executivos do alto escalão da entidade, entre eles o ex-presidente da Conmebol, o uruguaio Eugenio Figueredo. As prisões foram realizadas no Baur au Lac Hotel, em Zurique, a partir de pedido da promotoria de Nova York, durante uma operação anticorrupção feita pela polícia suíça e movida por um pedido do FBI, que lidera a investigação.
De acordo com informações publicadas pelo jornal americano The New York Times, autoridades suíças envolvidas no caso apontaram o antigo dirigente da CBF como um dos principais acusados de colaborar com algumas práticas ilegais dentro da Fifa nas duas últimas décadas. Entre elas, casos de fraude em eleições para a escolha do Qatar como sede da Copa do Mundo de 2022, lavagem de dinheiro e fraude eletrônica. Ao todo, 14 pessoas estão sendo investigadas de forma direta no caso.
Além de José Maria Marin, outros importantes dirigentes que se encontravam na Suíça para o congresso anual da entidade foram detidos, como Jeffrey Webb, vice-presidente da comissão executiva da Fifa e mandatário máximo da Concacaf, que é das Ilhas Cayman, o uruguaio Eugenio Figueredo, ex-presidente da Conmebol; Jack Warner, de Trinidad e Tobago, que é ex-membro do comitê executivo acusado de numerosas violações éticas; Eduardo Li, oficial costarriquenho da Fifa; Nicolás Leoz, outro ex-presidente da Conmebol; Rafael Esquivel, Julio Rocha e Costas Takkas. Todos eles foram apontados pelas fontes como parte direta dos investigados no esquema de corrupção.
Contratos de marketing e transmissão dos jogos da principal competição da Fifa também estão inclusos nas acusações de corrupção por parte de alguns dirigentes da entidade. Marin, assim como os outros detidos, será extraditado para os Estados Unidos, onde os acusados responderão ao processo.
Segundo a reportagem, o governo americano suspeita que os dirigentes da Fifa tenham pago algo em torno de US$ 100 milhões (mais de R$ 310 milhões) em propinas desde os anos 90. Todas as acusações são baseadas numa investigação do FBI, que começou no ano de 2011, que aponta corrupção generalizada na Fifa nas últimas duas décadas — envolvendo a disputa pelo direito de sediar as Copas da Rússia (2018) e do Qatar (2022).
Outro veículo de comunicação americano que destaca o caso, a ABC garante que a polêmica eleição do Qatar para receber o Mundial de 2022 centra as investigações das autoridades dos Estados Unidos, que, aliás, buscavam o direito de receber o torneio — portanto, o cerne da investigação deverá levar os acusados para o país.
O atual presidente da Fifa, Joseph Blatter, não foi citado pelas autoridades americanas na investigação. Ricardo Teixeira, outro ex-presidente da CBF, é outro que até o momento não teve seu nome envolvido. O rival de Blatter na eleição, o príncipe saudita Ali Bin Al Hussein, em entrevista à emissora inglesa BBC, lamentou o ocorrido em Zurique,
“Hoje é um dia triste para o futebol. É uma história em andamento — cujos detalhes ainda estão aparecendo”, disse o candidato da oposição.
Presidente da CBF entre os anos de 2012 e 2015, José Maria Marin comandou o futebol brasileiro durante a fase final das preparações do Brasil para a Copa do Mundo de 2014, que, até o momento, ainda não é alvo de investigação por parte da FBI e da polícia suíça. Marco Polo Del Nero, candidato apoiado por Marin, venceu a eleição para comandar a entidade máxima do futebol brasileiro no ano passado e assumiu o cargo de dirigente mais importante da modalidade e substituiu Marin em 16 de abril deste ano.
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