23 de Novembro de 2024
23 de Novembro de 2024
 
menu

Editorias

icon-weather
lupa
fechar
logo

Eleições 2018 Quarta-feira, 17 de Outubro de 2018, 14:15 - A | A

Quarta-feira, 17 de Outubro de 2018, 14h:15 - A | A

novos congressistas

Renovada, bancada evangélica chega com mais força no próximo Congresso

Congresso em Foco

Reprodução

bancada evangelica

A expectativa dos evangélicos é que a bancada fique mais forte em um eventual governo Bolsonaro

A bancada evangélica deve aumentar o seu protagonismo no novo Congresso. A frente, hoje composta por 84 parlamentares, já identificou 87 deputados e senadores ligados a igrejas evangélicas entre os 567 eleitos no último dia 7. Esse número, porém, ainda pode aumentar com a identificação dos novos congressistas.

Apesar da discrição no crescimento numérico, a bancada dá como certo o aumento de sua influência no Parlamento com a eventual eleição para presidente de Jair Bolsonaro (PSL), apoiado em peso por seus membros, e com o predomínio do perfil conservador da próxima legislatura.

Em vez de atuar para barrar projetos contrários aos seus interesses, como ocorreu nos últimos anos, a bancada espera agora fazer avançar sua própria pauta. “O interesse maior da Frente Parlamentar Evangélica é a preservação da família monogâmica formada pelo homem e mulher”, disse ao Congresso em Foco o deputado Lincoln Portela (PRB-MG). Pastor e um dos líderes do grupo, Lincoln afirma que todas as proposições que possam afetar o conceito de família nas áreas de saúde, educação e segurança pública serão tratadas com prioridade pela frente parlamentar.

Conservadora nos costumes, a bancada é contra a legalização do aborto, a descriminalização das drogas, o casamento homoafetivo e a criminalização da homofobia. Em linha oposta, defende o endurecimento da legislação antidrogas, o Estatuto da Família, que restringe o conceito de família à união de homem e mulher, e o projeto Escola Sem Partido, que prega o “fim da doutrinação de esquerda” e da "ideologia de gênero" nas salas de aula.

Jogo invertido

Segundo o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), as bancadas evangélica, ruralista e da bala, que atuam em conjunto na atual legislatura, virão com mais força no próximo ano. O grupo, que apoia Bolsonaro, é chamado no Congresso de BBB (uma alusão a bíblia, boi e bala).

“Esse é um exemplo da varrida que a gente fez na esquerda. Falam que o Rio de Janeiro é terra de esquerda, mas nós tiramos tudo e colocamos dois evangélicos”, disse o deputado ao Congresso em Foco, em referência aos dois senadores eleitos pelo estado: Flávio Bolsonaro (PSL) e Arolde de Oliveira (PSD). A única deputada do PT eleita pelo estado, Benedita da Silva, também é evangélica.

Considerado o parlamentar próximo ao pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, Sóstenes acredita que será mais fácil aprovar pautas de interesse do grupo a partir de fevereiro de 2019. “Agora, ao invés de segurar a pauta da esquerda, nós vamos é pautar nossos assuntos. A esquerda que trate de obstruir para segurar os nossos projetos. O jogo se inverteu”, afirmou.

Os evangélicos também contam com mais apoio de outros grupos conservadores eleitos para a próxima legislatura. A expectativa dos deputados é que a rede de simpatizantes da "bancada da família" possa chegar a 180 congressistas, como católicos e grupos de direita não liberal nos costumes.

Os deputados, no entanto, admitem que vai ser difícil inicialmente dialogar com todos os grupos da nova bancada, que engloba nomes que nunca foram eleitos e não têm experiência na política. Metade da bancada será novata no Congresso. “A qualidade do debate na Câmara vai cair muito”, disse um deputado da bancada que pediu para não ser identificado. “Vamos ter uma oposição cerrada, vamos ter uma direita extremada e um grupo novo que está vindo com uma posição de Ministério Público. Vai ser um Congresso difícil de funcionar”, completou o parlamentar.

O deputado Sósteles disse que "muitos loucos" foram eleitos e citou como exemplo o deputado federal mais votado na Bahia, o pastor Isidório, que fez campanha intitulando-se como o “doido de Salvador". Pastor militar, Isidório se declara "ex-gay" e diz que foi "curado por Deus". “O Cabo Daciolo é fichinha perto do que está vindo aí”, disse Sósteles.

Assembleia de Deus e Universal

A renovação no Congresso não poupou os evangélicos. O atual presidente da frente, o pastor Takayama (PSC-PR), não conseguiu se reeleger no Paraná. Um nome cotado para assumir seu lugar é João Campos (PRB-GO), que já coordenou o grupo. No Senado, a maior perda foi Magno Malta (PR-ES), cotado para ser vice de Bolsonaro e que não conseguir se reeleger. Em seu lugar, o Espírito Santo elegeu Fabiano Contarato (Rede), o primeiro homossexual assumido a ocupar uma cadeira de senador.

A igreja que mais elegeu parlamentares foi a Assembleia de Deus (29), da qual fazem parte João Campos (PRB-GO), Lauriete (PR-ES) e Felipe Francischini (SD-PR), filho do deputado Delegado Francischini (PSL-PR), coordenador da campanha de Bolsonaro e eleito este ano para uma vaga na Assembleia do Paraná.

Em segundo lugar, aparece a Igreja Universal do Reino de Deus, que elegeu 18 nomes, entre eles o deputado Julio Cesar (PRB-DF) e Fausto Pinato (PP-SP). A Igreja Batista, de Joice Hasselmann (PSL-SP), Lincoln Portela, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – os dois últimos, filhos do presidenciável – emplacou 12 parlamentares.

Candidato à presidência da República, Cabo Daciolo (Patriota) também ficará de fora da nova bancada evangélica. Daciolo tornou-se um dos personagens mais falados durante a campanha eleitoral por levar a Bíblia aos debates, fazer jejum no morro e finalizar as frases com “Glória a Deus” e “em nome do Senhor Jesus Cristo”.

*Colaborou Ana Luiza de Carvalho

RUA CARLOS CASTILHO, Nº 50 - SALA 01 - JD. IMPERADOR
CEP: 78125-760 - Várzea Grande / MT

(65) 3029-5760
(65) 99957-5760