Em debate realizado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), o candidato a prefeito Lúdio Cabral (PT) reafirmou sua posição contrária à contratação de organizações sociais (Oss) na área da saúde. Esta postura, segundo ele, não é do candidato, mas se pauta em sua luta histórica contra as OSs na saúde. “Sou radicalmente contrário às OSs. Esta é uma posição clara, não é de candidato, mas de quem está na luta desde que se começou a implantar este modelo”, disse ele.

Segundo Lúdio, este foi um dos primeiros temas que tratou com o governador Silval Barbosa quando o PMDB decidiu apoiar sua candidatura. “Ele aceitou nossa posição com muito respeito. Gostaria que todos os candidatos tivessem estado como eu na luta contra OSs em vez de vir aqui falar bonito”, opinou.

Lúdio classificou como “inconsistentes” as tentativas de outros candidatos em associar sua imagem às OSs pelo fato de estar tendo o apoio do governo do Estado, que

adota este modelo de gestão, já que em sua trajetória como sindicalista e vereador, sempre se manifestou contrário a ele.

Lúdio reafirmou que seu programa de governo é pautado na gestão pública.“Tenho uma posição contrária às OSs à partir da luta junto aos movimentos sociais. Esta tentativa de alguns candidatos de me associarem a este modelo de gestão por ter o apoio do governo do Estado não tem consistência. Não dá para conviver com candidatos que vem defender agora em época de eleição o que não defenderam quando tiveram a oportunidade”.

Lúdio entregou ao CRM seu programa de governo, onde consta a criação de um hospital de mil leitos, uma das reivindicações históricas dos médicos. Ele reforçou que, se eleito, manterá uma agenda de diálogo constante com a classe médica para recuperar a confiança da categoria na saúde pública. Uma das ações emergenciais será a reorganização do atendimento nas policlínicas, cujas escalas de plantão estão descobertas, os atendimentos em pediatria estão sendo feitos por médicos generalistas e os ambulatórios estão ociosos por falta de médicos, entre outros problemas.

Os médicos apontaram também a urgência de se ampliar o número de leitos hospitalares em Cuiabá, que, segundo o Sindicato dos Médicos, tem um déficit de 600 leitos.

Lúdio Cabral ressaltou a necessidade de valorizar o servidor da saúde e reforçou a intenção de realizar concursos públicos anuais para reorganizar o quadro de servidores municipais, que ao todo são 6 mil, entre os quais 65% com contratos irregulares. Ele se comprometeu a realizar a revisão das legislações de carreira no primeiro semestre do ano que vem e a recompor a remuneração dos trabalhadores com base no crescimento da arrecadação municipal, que cresce de 15 a 20% por ano.

O candidato destacou a importância de fortalecer a atenção primária à saúde, área na qual Cuiabá investe R$ 19 milhões anualmente, valor que pode ser aumentado com a adoção de programas federais que ainda não foram implantados pelo município.

Ele se comprometeu a dobrar de 60 para 120 as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), chegando a 80% de cobertura e a implantar 30 unidades dos Núcleos de Atenção à Saúde da Família (NASF), com equipes de apoio aos PSFs, contando com profissionais como assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos, professores de educação física e especialidades médicas de acordo com a necessidade da comunidade onde estejam inseridos.

Lúdio também destacou a importância de se investir em infraestrutura para garantir a saúde da população e frisou sua intenção de retomar para o controle da Prefeitura os serviços de saneamento básico. “Metade da cidade não tem pavimentação e vemos pelos bairros esgoto a céu aberto. Estas duas ações têm que andar juntas para garantir a qualidade de vida das pessoas, para que a necessidade da atenção em saúde seja menor”. Ele citou também que irá potencializar as unidades conveniadas ao SUS, tais como a Santa Casa, e fortalecer o atendimento em saúde como direito de cidadania.

“Cuiabá está tendo a oportunidade de ter um servidor público de carreira na Prefeitura, para realizar grande esforço de mobilização das pessoas de bem para fazer a mudança que a cidade exige. Não fiz o caminho que fiz buscando projeto de poder pessoal, por vaidade. Vamos honrar nossos votos”, finalizou.