O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pela diretoria e presidente da instituição, que manteve os juros inalterados em 7,25% ao ano na última semana, interrompendo o ciclo de cortes que vigorava desde agosto de 2011, repetiu nesta quinta-feira (6) que os juros devem permanecer no atual patamar por um "período suficientemente prolongado" de tempo. A informação consta na ata da reunião ocorrida na semana passada.
Segundo o Banco Central, a manutenção dos juros é a "estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear". Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta. Para 2012, 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O BC informou na ata do Copom que, para 2013, sua projeção de inflação manteve-se estável em ambos os cenários (referência e mercado) acima do valor central da meta de 4,5%. Acrescentou que, para 2014, a projeção encontra-se em torno do valor central da meta em ambos os cenários.
A maior parte do mercado financeiro acredita que os juros permanecerão estáveis no atual patamar de 7,25% ao ano (piso histórico), pelo menos, até o final do ano que vem.
Para a economia brasileira, O Copom informou que o "cenário central" da instituição contempla ritmo de atividade doméstica mais intenso neste semestre e no próximo ano e riscos limitados de descompasso, em segmentos específicos, entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda - que poderia gerar pressões inflacionárias.
A autoridade monetária também avaliou que o nível de utilização da capacidade instalada (uso do parque fabril) se encontra abaixo da tendência de longo prazo, ou seja, está contribuindo para a abertura do "hiato do produto" e para conter pressões de preços.
"Além disso, importa destacar que as perspectivas para os próximos semestres apontam moderação na dinâmica dos preços de certos ativos reais e financeiros. Na visão do Comitê, evidências como a acomodação dos preços no atacado indicam arrefecimento de pressões, sobre os preços ao consumidor, decorrentes da instabilidade dos preços de produtos in natura e de grãos observadas há alguns meses", informou o Banco Central.