Girassol, camomila, margarida e crisântemo. O que todas essas flores têm em comum além da beleza? Tratam-se de flores da família Asteraceae, uma das mais importantes para a cultura, botânica e meio ambiente nativo.
Um estudo recente publicado no boletim Flovet do Departamento de Botânica e Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso (IB/UFMT) mostra um checklist de espécies nativas e exóticas da Asteraceae.
Com mais de 1.600 gêneros e 24.700 espécies distribuídas globalmente, as Asteraceae apresentam uma variedade impressionante de formas e funções ecológicas. Na Baixada Cuiabana, o levantamento revelou a presença de 186 espécies, distribuídas em 107 gêneros, sendo que 140 são nativas e 46 não nativas, algumas cultivadas e outras naturalizadas. Chapada dos Guimarães, Cuiabá e Nobres se destacam como os municípios mais ricos em espécies.
Dentre as tribos mais representativas da região, Vernonieae e Eupatorieae, somam juntas 75% das espécies nativas identificadas. Os gêneros com maior número de espécies são Lessingianthus, Chromolaena, e Mikania, com destaque para o primeiro, com 23 espécies encontradas.
Coletas Históricas e Lacunas de Conhecimento
A pesquisa também revelou um interessante histórico de coletas na região, que remonta ao século XIX. O maior número de coletas ocorreu em municípios com forte apelo turístico e unidades de conservação, como Chapada dos Guimarães, que, sozinha, concentrou 242 espécimes. Em contrapartida, municípios como Jangada e Acorizal apresentam um baixo número de registros, indicando a necessidade de maior esforço amostral em áreas pouco exploradas.
Maurício Mercadante (Flickr)
A aldama robusta também foi uma das espécies listadas pelos pesquisadores
A Importância Cultural e Etnobotânica
Além da importância ecológica, as Asteraceae são amplamente utilizadas pelas comunidades da Baixada Cuiabana. Estudos etnobotânicos apontam seu uso em práticas medicinais, ornamentais e religiosas. Em Santo Antônio de Leverger, por exemplo, a camomila (Chamomilla recutita) foi destacada como uma das espécies mais cultivadas, utilizada tradicionalmente como calmante e para o alívio de dores estomacais.
Nos quintais das comunidades quilombolas de Nossa Senhora do Livramento, 11% das espécies cultivadas pertencem à família Asteraceae, demonstrando sua importância para a subsistência e preservação cultural local.
Vinícius Antonio de Oliveira Dittrich(Flickr)
Dasyphyllum sprengelianum (Gardner) Cabrera (Asteraceae, Asterales).
Conservação e Futuras Expedições
Apesar da riqueza registrada, o estudo alerta para a necessidade de expedições em áreas menos exploradas. Municípios no domínio do Cerrado, como Várzea Grande, que possuem baixo número de registros, apresentam potencial para revelar ainda mais espécies, especialmente considerando que o Cerrado é um dos hotspots de biodiversidade do mundo.
A pesquisa indica que a Baixada Cuiabana ainda pode abrigar diversas espécies nativas que não foram devidamente coletadas ou registradas. A continuidade dos estudos será crucial para ampliar o conhecimento sobre a flora local e garantir a preservação desse importante patrimônio natural.
Novos registros
Com dados apontando para a descoberta de 60 novos registros para a flora de Mato Grosso, o estudo reafirma a necessidade de ampliar esforços de pesquisa, especialmente em áreas ainda pouco exploradas da Baixada Cuiabana. A flora desta região guarda um vasto potencial para novas descobertas e, consequentemente, para a preservação de sua biodiversidade única.
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