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Cidades Domingo, 15 de Setembro de 2024, 14:00 - A | A

Domingo, 15 de Setembro de 2024, 14h:00 - A | A

desigualdade urbana

Mais de 53% das paradas de ônibus em Cuiabá não possuem abrigo, diz estudo

Estudo também mostrou que a maioria das rotas de ônibus estão nos bairros mais ricos

Lázaro Thor/VGN

A mobilidade urbana tem se tornado um dos maiores desafios enfrentados pelas grandes cidades brasileiras, e em Cuiabá, capital de Mato Grosso, essa questão é ainda mais urgente devido ao crescimento populacional e à ausência de um planejamento adequado.

De acordo com um estudo recente publicado na Revista Latino-Americana de Ambiente Construído e Sustentabilidade, a distribuição desigual dos pontos de ônibus nas diferentes regiões da cidade evidencia uma série de dificuldades enfrentadas pelos usuários do transporte público, principalmente aqueles de baixa renda.

De acordo com o artigo, mais de 53% dos pontos de ônibus da capital mato-grossense não possuem nenhum tipo de abrigo, expondo os usuários a condições climáticas adversas, como o intenso calor, característico da cidade. O levantamento também mostrou que as principais rotas de ônibus estão nas regiões da cidade em que o uso do transporte coletivo é menor, por se tratar de bairros de maior renda, enquanto as regiões mais pobres possuem menos rotas. 

A Relevância da Mobilidade Urbana

A mobilidade urbana, definida como a capacidade de deslocamento dentro das cidades, está diretamente ligada à qualidade de vida da população. A oferta de um sistema de transporte público eficiente é fundamental para garantir o acesso a serviços essenciais como educação, saúde e lazer, além de influenciar diretamente a economia local. No entanto, em Cuiabá, as disparidades regionais e a insuficiência de políticas públicas comprometem a acessibilidade e agravam as desigualdades socioespaciais.

Segundo o estudo, a distribuição dos pontos de ônibus em Cuiabá é desigual, com uma maior concentração de paradas na região oeste, enquanto a região leste, a mais populosa, carece de infraestrutura adequada. 

A Disparidade na Distribuição Viária

O estudo analisou as vias estruturais, principais e coletoras da cidade e observou que, embora a região leste tenha a maior população, é a região oeste que concentra o maior número de vias principais e coletoras, além de contar com 336 paradas de ônibus, em comparação com as 291 da região leste. A região norte, por sua vez, apresenta o menor número de vias e paradas de ônibus, o que compromete ainda mais a acessibilidade.

Esse cenário é especialmente problemático, pois as áreas com maior necessidade de transporte público — onde vivem as populações de menor renda — são justamente as mais carentes de infraestrutura viária e de pontos de ônibus adequados.

Impacto no Acesso ao Transporte Público

Um dos principais fatores que afetam a acessibilidade ao transporte público é a distância entre as paradas de ônibus e o destino do usuário. Em Cuiabá, essa questão é agravada pela má distribuição dos pontos e pela falta de abrigos adequados. O estudo revela que a maioria das paradas de ônibus é composta por sinalizações simples ou por estruturas precárias, o que compromete o conforto e a segurança dos usuários.

Dentre as paradas analisadas, 29% são classificadas como “Tipologia B”, sem sinalização e estrutura mínima. Outras 20% são apenas placas de sinalização, sem qualquer tipo de cobertura para proteção contra sol e chuva.

Necessidade de Reformulação do Sistema de Mobilidade

O estudo conclui que é urgente a reformulação do sistema de transporte público de Cuiabá, com foco na melhoria das condições dos pontos de ônibus e na ampliação da oferta de transporte coletivo. Para que o transporte público seja uma alternativa viável, é necessário que o planejamento urbano considere as especificidades climáticas da cidade, garantindo conforto e segurança para os usuários.

Além disso, a pesquisa aponta para a importância de políticas públicas que incentivem o uso do transporte coletivo como uma medida de inclusão social e de sustentabilidade. A utilização de ônibus, ao invés de veículos particulares, pode reduzir os congestionamentos e a emissão de poluentes, além de melhorar a fluidez no trânsito da cidade.

Outro lado

Nota à Imprensa

A Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), segue com o maior programa de implantação e padronização de abrigos de ônibus já realizado na capital. Desde o início da gestão, mais de 1.300 abrigos foram instalados em diversas regiões da cidade, com a entrega de aproximadamente 40 a 50 novos abrigos por mês.

Atualmente, Cuiabá conta com cerca de 2.400 pontos de ônibus. Contudo, devido a limitações como calçadas estreitas, nem todos os locais são adequados para receber os novos abrigos. Em 2017, apenas 401 pontos contavam com abrigos, muitos em condições precárias. Desde então, a Semob implantou mais de 1.400 novos abrigos, garantindo acessibilidade e conforto para os usuários, com espaço para cadeiras de rodas, e infraestrutura básica nos pontos finais de ônibus, como banheiros e bebedouros.

O programa de implantação continuará até 31 de dezembro, com a expectativa de que 63% das paradas de ônibus estejam equipadas com novos abrigos ao final da gestão. Além disso, a Semob firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a MTU e o Ministério Público, prevendo a instalação de mais 150 abrigos em áreas de expansão residencial nos próximos dois anos.

Em paralelo, a Semob iniciou uma força-tarefa para readequar as vias no entorno do Terminal CPA 3, que atende cerca de 30 mil passageiros por dia. Durante as obras de reforma, oito novos abrigos foram instalados na Rua Um (Tancredo Neves) para garantir o embarque e desembarque seguro dos passageiros. O projeto também inclui a ampliação da pista para uma faixa exclusiva provisória de ônibus e reforço na sinalização.

A expectativa é que a obra seja entregue até o final do ano.

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