Laudo feito pelo Laboratório Hidro Análise que o VGN teve acesso com exclusividade, encomendado pela Inovar Imobiliária, Administradora de Condomínios e Seguros Ltda, que administra o Residencial Santa Bárbara, em Várzea Grande, apontou a presença de “Coliformes totais” na água.
A reportagem conversou com um engenheiro sanitarista, que por questão de ética pediu para não ter o nome divulgado, analisou o laudo a pedido do VGN e afirmou que a água da maneira que se apresenta, não poderia ser distribuída para consumo.
Segundo ele, o correto seria fazer uma nova análise, e se o resultado persistir, os moradores devem procurar uma delegacia de polícia e registrar um boletim de ocorrência, por negligência por parte dos responsáveis.
O especialista explicou à reportagem, que as amostras coletadas são básicas, para uma avaliação mais profunda, e que precisam ser avaliados outros parâmetros. No entanto, conforme o engenheiro, com base no resultado desta análise, o cloro está abaixo do mínimo recomendável, está 0,1 mg/L, sendo que o ideal seria 0,3 mg/L.
De acorco com o sanitarista, por este motivo, provavelmente consta do laudo outro resultado negativo, que seria a presença de ‘Coliformes Totais’, que para o especialista, não deveria conter em água tratada. "A água, dessa forma, não pode ser distribuída. Não é potável com base na Portaria de Consolidação 5, de 2017, anexo XX”, avaliou o engenheiro.
“Ficam definidos os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”, diz trecho da Portaria. Confira anexo da portaria XX na íntegra.
Para o especialista, o correto é averiguar a saída do tratamento, avaliar a rede e, principalmente, fazer a limpeza do reservatório o mais breve possível.
O condomínio foi entregue aos moradores há nove meses, na gestão da então prefeita Lucimar Campos (DEM) e foi construído pela Construtora Lorenzetti, com sede em Tangará da Serra (a 242 km de Cuiabá), por meio do Programa Minha Casa Minha Vida.
Hoje, as famílias procuram a empresa para resolver o problema, que está prejudicando a saúde dos moradores, mas não conseguem nenhuma resposta, e a situação vem se arrastando há dois meses.
A assessoria da empresa chegou a informar que o problema não seria com eles, e sim com o Departamento de Água e Esgoto do município (Dae/VG). Contudo, o novo Código Civil de 2002, que em vigor cita que: "Artigo 618: Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo".
No entanto, o presidente da Autarquia, Carlos Alberto Simões, afirmou que somente a entrada do reservatório de água seria de responsabilidade do Dae, e eles não teriam permissão para mexer dentro do condomínio, que neste caso seria responsabilidade da Construtora.
Ambos colheram amostras da água para análise, no entanto, segundo uma das moradoras do residencial, eles não foram comunicados sobre os resultados, e estão desesperados, pois não sabem mais o que fazer e nem a quem recorrer, pois a cada dia as crianças acordam com mais e mais feridas pelo corpo, e ninguém é capaz de resolver o problema da água que já se arrasta há quase dois meses.
A reportagem entrou em contato com o presidente do Dae, que informou que o resultado da análise feita pela Autarquia teria dado negativo para qualquer tipo de presença de contaminação de esgoto na água tratada que é distribuída por eles [Dae].
Na última quinta-feira (27.05), a reportagem tentou mais uma vez conversar com Carlos, solicitando que o órgão encaminhasse o resultado da análise para anexarmos na matéria e assim tranquilizar os moradores, mas ele não respondeu mais as mensagens via Whatsapp.
Já a empresa Lorenzetti, que por lei, tem cinco anos para prestar serviços de garantia e segurança do condomínio, não responde às tentativas de contato, por meio do engenheiro Hebert.
A moradora Jaqueline, que é mãe de uma criança portadora de necessidades especiais (PCD), desabafou à reportagem do VGN que os cuidados com a filha já requer mais atenção, e ela não sabe o que fazer, pois não está tendo condições de manter água comprada para higiene pessoal e alimentação, pois está gastando muito com remédios e pomadas.
“Alguém precisa dar uma resposta ou fazer alguma coisa, além de desculpas, o que não dá, diz a moradora, é ver as crianças adoecendo sem fazer nada. Nós precisamos saber a verdade, nós precisamos saber se a água está ou não contaminada, ou se estão colocando cloro demais nessa água. Não é normal tantas pessoas adoecerem com os mesmos sintomas. Alguém precisa nos ajudar. Eles estão escondendo a verdade, e isso pode causar mortes de pessoas inocentes.”, disse ela.
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Até o fechamento da matéria, só conseguimos o resultado da análise feita pelos moradores, pois assim como o Dae, a Construtora também não quis dar um retorno à reportagem, e nem divulgar os resultados de suas análises.
Observação: A presença de coliformes totais na água potável indica que o sistema pode estar contaminado por fezes ou vulnerável à contaminação fecal. Um grupo de bacilos Gram-negativos, também referido como enterobactérias. Eles são comensais do intestino.
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