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Cidades Segunda-feira, 07 de Outubro de 2024, 13:01 - A | A

Segunda-feira, 07 de Outubro de 2024, 13h:01 - A | A

ANÁLISE

Institutos de pesquisa refletem a opinião do eleitor, mas não podem prever sua participação na votação

As pesquisas de intenção de voto continuam a cumprir seu papel de refletir as preferências do eleitorado no momento da coleta

Edina Araújo/VGN

As eleições municipais em Cuiabá e Várzea Grande, realizadas no domingo (06.10), trouxeram à tona um importante debate sobre a precisão das pesquisas de intenção de voto e o impacto da abstenção nos resultados. Embora alguns apontem que os institutos de pesquisa "erraram feio" ao não preverem os desfechos com exatidão, essa visão superficial ignora fatores decisivos, como o alto índice de abstenção e o calor extremo que marcou o dia da votação. As altas temperaturas, comuns em Mato Grosso, podem ter influenciado a decisão de muitos eleitores em não comparecer às urnas.

É essencial compreender que as pesquisas de intenção de voto seguem métodos científicos rigorosos, longe de serem "adivinhações". Quando entrevistados, os eleitores indicam seus candidatos preferidos, mas o que as pesquisas não podem prever com total precisão é quantos desses eleitores realmente irão às urnas. Em Cuiabá, por exemplo, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de abstenções no primeiro turno das eleições de 2024 foi de 102.186. Entre os que votaram, 22.439 eleitores optaram por votos brancos ou nulos para prefeito, e 22.116 fizeram o mesmo para vereador.

No total, 342.884 eleitores compareceram para votar no domingo (6). Foram contabilizados 320.445 votos válidos para a escolha de prefeito, sendo 9.888 (2,88%) em branco e 12.551 (3,66%) nulos. Em Várzea Grande, a abstenção nesse domingo (6) atingiu mais de 43 mil eleitores, em um universo de 191 mil votantes, o que equivale a 22,57%. Esses números expressivos têm impacto direto no cenário eleitoral. Em 2020, 34.392 eleitores não compareceram às urnas em Várzea Grande, representando uma abstenção de 21,44%.

Se uma pesquisa de boca de urna tivesse sido realizada — na qual os eleitores são entrevistados após votarem —, os resultados poderiam ter refletido com maior precisão o desfecho final. Esse tipo de levantamento capta a realidade dos votos daqueles que efetivamente participaram, eliminando o "fator abstenção".

Portanto, culpar unicamente os institutos de pesquisa pelo distanciamento entre os resultados projetados e os efetivos é uma análise equivocada. Grande parte do problema reside na crescente abstenção, que tende a aumentar a cada eleição, refletindo na crescente descrença dos eleitores no sistema político. Muitos respondem às pesquisas, mas, desiludidos com promessas vazias e decepções, acabam não comparecendo no dia da eleição.

Essa situação ressalta a urgência de se debater a obrigatoriedade do voto no Brasil. As pesquisas de intenção de voto continuam a cumprir seu papel de refletir as preferências do eleitorado no momento da coleta. No entanto, o entrevistador não carrega um "detector de sinceridade", é impossível saber se o eleitor comparecerá às urnas. Aos críticos das pesquisas, uma análise mais profunda se faz necessária, em vez de julgamentos apressados.

 

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