Falta exatamente um ano para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. A marca da data oficial para a contagem regressiva dos 365 dias é partir desta quarta-feira (12.06), com a expectativa de que Cuiabá esteja preparada no Mundial. São 56 obras em andamento e 21 delas devem ser entregues até o mês de dezembro deste ano, regidas pelo crogronograma estabelecido. A principal é a Arena Multiuso Pantanal, que será palco de quatro jogos da Copa, sendo o primeiro deles já agendado para o dia 13 de junho de 2014, um dia após a abertura do evento.
O G1 percorreu a capital mato-grossense e fez um levantamento de como andam as obras, o cumprimento de prazos, investimentos, dificuldades que os moradores enfrentam e ainda, o que mudou na rotina dos cuiabanos desde o anúncio oficial de que a cidade seria uma das 12 capitais brasileiras a sediar o grande evento esportivo, em 31 de maio de 2009. Os internautas vão podem conferir o balanço em diversas matérias especiais publicadas nesta quarta e quinta-feira (13).
Obras de mobilidade urbana, como os viadutos, trincheiras, pontes e ainda os Centros de Treinamento, conhecidos como Cots, também integram a lista de projetos que faltam ser concluídos até o fim do ano. Mas muitos gargalhos na execução, como atrasos ou mudanças no prazo inicial, falta de qualificação profissional, geraram questionamentos e dúvidas à população se tudo estará pronto até a data estipulada.
As falhas e dificuldades nas obras são admitidas pelo titular da Secretaria Extraordinária da Copa de 2014 (Secopa), Maurício Guimarães, que, por outro lado, também garante que apesar de diversos obstáculos, todos os projetos estarão prontos a tempo, com descarte de ocorrer atrasos. “Muitas delas [obras] já estão prontas faltando apenas detalhes de execução para serem entregues. A cidade passa por momentos de provações. A partir do segundo semestre deste ano vamos devolver a cidade em condições, pois vão ser inauguradas quase uma obra a cada 15 dias”, ressaltou o secretário.
Primeira entrega
Anunciada como a primeira grande obra de mobilidade urbana para Copa na capital, o viaduto do Bairro Despraiado é o primeiro empreendimento do pacote de obras previsto pela Secretaria Extraordinária da Copa de 2014 (Secopa) a ser entregue à população, no mês de julho. Localizado em frente ao Parque Mãe Bonifácia, o viaduto terá 325 metros de comprimento e nove de altura em seu ponto mais alto. A obra já foi 80% executada.
A construção está avaliada em R$ 18,9 milhões e tem objetivo de desafogar a Avenida Miguel Sutil, que atualmente já não comporta o volume de veículos que transitam em cada sentido da pista diariamente.
Trincheiras
Para distribuir o fluxo de veículos durante a realização do Mundial estão sendo construídas quatro trincheiras. A Mário Andreazza/Ciríaco Cândia, que fica no cruzamento da Avenida Miguel Sutil com a Avenida Ciríaco Cândia, deverá ser a primeira a ficar pronta. Com 85% realizada, segundo a Secopa, a obra está na fase de execução da base e sub-base, etapa que antecede a pavimentação, e está prevista para o próximo mês.
Orçada em R$ 7,6 milhões, a trincheira compreenderá os Bairros Santa Isabel e Cidade Verde e faz parte do plano de locomoção entre o Aeroporto Marechal Rondon e a Arena Pantanal.
As outras trincheiras, do Verdão, Santa Rosa e Jurumirim/Trabalhadores, devem ficar prontas em dezembro. A última é a maior de todas, com 960 metros de extensão. Ela abrangerá trecho próximo à Avenida Dante de Oliveira (Trabalhadores) até depois do cruzamento da Avenida Gonçalo Antunes de Barros (Jurumirim), próximo ao viaduto da Avenida do CPA.
Já a do Verdão está orçada em R$ 24,3 milhões e, a do Santa Rosa, em R$ 26,3 milhões. O secretário Maurício Guimarães reforça que todas elas estão em ritmo acelerado e dentro do cronograma. No entanto, três trincheiras (Ciríaco Cândia, Verdão e Santa Rosa) sofreram entraves deixando as obras paralisadas por mais de um mês por conta da rescisão contratual com a empreiteira que atrasou a execução dos trabalhos. Contudo, as construções foram retomadas, em abril, após contratos emergenciais firmados com duas novas empresas.
Arena Pantanal
As obras da Arena Pantanal tiveram início em abril de 2010 com a demolição do antigo estádio Governador José Fragelli, popular Verdão, que chegou a reunir na década de 80 mais de 50 mil torcedores em clássicos e jogos oficiais da seleção brasileira. O novo estádio que está sendo erguido em Cuiabá deve receber quatros jogos da Copa, todos na primeira fase da competição. A Arena Pantanal terá capacidade para 43 mil pessoas e tem prazo de entrega previsto pela Secopa para o mês de outubro.
A obra deve consumir R$ 518 milhões dos cofres públicos e está concluída em 70%. O secretário Maurício Guimarães disse que o gramado do campo já está sendo preparado e deverá ser colocado a partir de setembro. “Já no início de outubro, o gramado já estará na arena e vamos finalizar tudo no mês estabelecido. Não haverá atraso”, destacou.
Escassez de operários
A Arena e quase todas as construções se deparam com a escassez de trabalhadores para concluir as obras para o mundial de futebol. Um relatório da própria Secopa aponta que é necessário aumentar em 71% o número de funcionários nos canteiros de obras de todas as frentes de trabalho, como do Veículo Leve sobre os Trilhos (VLT), Centros de Treinamento e aeroporto para que os prazos sejam cumpridos.
Esse aumento corresponde à contratação de mais 2.508 pessoas por parte das construtoras responsáveis pelas obras. Segundo o relatório, até o início de maio havia 3.532 operários contratados, quando o ideal para concluir as obras dentro dos prazos seria 6 mil trabalhadores.
Para o VLT serão necessários mais de mil operários. As empresas alegam haver dificuldades em se contratar mão de obra qualificada local, sendo necessário empregar pessoas de outros Estados.
Por outro lado, a secretaria rebate que está realizando as contratações necessárias para que as obras não sejam prejudicadas.
Trânsito
O volume de obras projetado para melhorar o trânsito da capital para a competição é o mais delicado e complexo por conta dos canteiros de obras espalhados pela cidade. Eles alteraram o dia a dia dos cuiabanos dificultando, muitas vezes, o ir e vir dos motoristas no trânsito.
Atualmente os motoristas contam com rotas alternativas e até mesmo obras feitas para desvio, o que exige paciência para enfrentar o fluxo de veículos ocasionado. “Isso será necessário no momento. Tem que ter paciência”, pontou o secretário Maurício Guimarães.
VLT
No pacote de intervenções, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), na região metropolitana de Cuiabá, é considerado o mais caro, R$ 1,4 bilhão, e emblemático. Apesar de estar previsto para ser finalizado em março de 2014, 12 obras de arte integram o corredor do modal de transporte e ao todo somam apenas 14% de execução.
Ao longo dos 22,2 quilômetros de trajeto do VLT serão edificados quatro viadutos (Aeroporto, Sefaz, UFMT e do trevo MT-040). Todos os viadutos do pacote estão previstos para este ano.
Conforme o secretário, o primeiro a ser entregue será o da Avenida Historiador Rubens de Mendonça (do CPA), em frente a Secretaria de Fazenda (Sefaz), em agosto. O próximo seria da UFMT, na Avenida Fernado Corrêa da Costa, em setembro. “Independentemente dos trilhos do VLT, todas as obras que integram o corredor do modal vão estar prontas. Mesmo aquelas que não vão receber o VLT”, garante Guimarães.
A capacidade máxima de passageiros no modal será de 400 pessoas por veículo e o tempo de espera para o embarque será de até quatro minutos.
Atrasos apontados
O prazo suscita dúvidas quanto à viabilidade da implantação do modal, diante de diversos relatórios divulgados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), desde o início do ano, apontando atrasos. O último, referente ao mês de abril, diz que apenas 34,89% do total de construções foram concluídos na capital mato-grossense. Este relatório foi confeccionado com base em informações fornecidas pelo próprio governo estadual.
O número está abaixo do percentual de avanço geral do pacote de obras estipulado para o período, que seria de 58,44%, situação que levou o TCE a advertir o governo, cobrando um plano de providências da Secopa para compensar os atrasos verificados na execução de mais de R$ 2,2 bilhões em obras licitadas.
O Centro Oficial de Treinamento da Barra do Pari, também previsto para dezembro pela Secopa, estaria com 170 dias fora do prazo e com apenas 4,10% de obras executadas.
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