O ex-secretário de Fazenda e Casa Civil Eder Moares explicitou, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), os nomes dos supostos responsáveis pelo financiamento do esquema investigado pela Operação Ararath em Mato Grosso. Além de Junior Mendonça - velho conhecido nos inquéritos por ser dono da Globo Fomento Mercantil e da rede Amazônia Petróleo e delator na investigação -, Valdir Piran, Chico Badotti, Fernando Mendonça e os responsáveis pelos grupos Construmóveis e Solução Cosmético de Jurandir da Silva Vieira, foram citados em vídeo conseguido com exclusividade pelo Olhar Jurídico.
De acordo com o MPF, "sistema" era o nome dado ao determinado grupo de políticos que se beneficiava de um esquema que envolve lavagem de dinheiro, financiamento de campanhas, compra de apoio político e pesquisas eleitorais.
Júnior Mendonça, empresário ligado ao ramo do combustível, foi dono das extintas empresas Pneu Center e Rodão Center, que ficavam em Várzea Grande. Em 2002 tornou-se sócio do irmão na factoring “Globo Fomento Mercantil”, que encerrou atividades em 2012, com a dissolução da sociedade. Junto do pai, Gércio Marcelino Mendonça, faz parte da Rede Amazônia Petróleo.
Valdir Piran, conhecido por ser dono de factorings em Mato Grosso, já foi acusado de envolvimento com a organização criminosa para lavagem de dinheiro liderada por João Arcanjo Ribeiro. Fernando Mendonça também atua no ramo de crédito financeiro, por meio da Comércio Regional.
Eder Morais cita ainda os nomes da empresária Marilena Ribeiro, dona da Construmoveis Materiais Para ConstruçãoLtda. e Jurandir da Silva Vieira, proprietário do grupo Solução Cosméticos e Chico Badotti.
A reportagem do Olhar Jurídico conseguiu entrar em contato com os empresários Fernando Mendonça e Valdir Piran. Porém, até o fechamento desta matéria nenhum pronunciamento sobre o vídeo foi dado.
“Depoimento não tem validade jurídica” - Em entrevista por telefone, Eder Moraes afirmou que seu depoimento, cujo trecho foi reproduzido pelo Olhar Jurídico, não tem valor legal. “Esse meu depoimento não tem validade jurídica, este depoimento ele foi cancelado e retratado publicamente”, argumentou.
Ararath - A Operação Ararath investiga um complexo esquema de lavagem de dinheiro - cuja estimativa de movimentação ultrapassa R$ 500 milhões – para o ‘financiamento’ de interesses políticos no Estado. Uma lista apreendida pela PF aponta que pelo menos 70 empresas utilizaram ‘recursos’ oriundos de esquemas fraudulentos de empréstimos.
A ação policial levou para prisão Eder Moraes, uma das figuras políticas mais emblemáticas do Estado. Homem forte do governo Blairo Maggi, atuou em cargos de destaques durante a sua gestão (2003 a 2010), como secretário de Fazenda, presidente da Agência da Copa do Mundo (Agecopa), da Casa Civil e também diretor da Agência de Fomento de Mato Grosso.
O Papel de Eder Moraes - As investigações apontam que o ex-secretário de Estado Eder Moraes seria um pilar do esquema, fazendo a interlocução entre Mendonça e a classe política. O peemedebista foi preso no dia 20 de maio de 2014, pela Polícia Federal, e encaminhado para Brasília para que não atrapalhasse as investigações por gozar de forte influência em Mato Grosso. Após mais de 80 dias, o ex-secretário de Estado Eder Moraes (PMDB) deixou o Complexo Penitenciário da Papuda no final da manhã do dia 09 de agosto de 2014.
Os Vídeos - Eder Moraes Prestou uma série de depoimentos, nas condições de delação premiada, ao Ministério Público Estadual. A reportagem do Olhar Jurídico teve acesso ao conjunto de informações gravada em vídeo que, no total, contabiliza cerca de 12 horas de imagens.
Pedido de retirada dos vídeos negado - Os vídeos do depoimento prestado pelo ex-secretário de Fazenda e Casa Civil Eder Moraes junto ao Ministério Público Estadual continuam com a divulgação permitida pela Justiça. O desembargador Rubens de Oliveira Filho negou, na tarde desta terça-feira (20), agravo de instrumento do antigo braço forte do governo, que visava impedir a divulgação de imagens pelo Olhar Direto.
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