Existem variados tipos de crimes cibernéticos que afetam a população em geral, e com a facilidade que a internet proporciona esses crimes vem crescendo cada vez mais. Portanto, é necessário entender as principais modalidades desses crimes e como funcionam.
Em entrevista ao , o delegado Ruy Guilherme da Delegacia Especializada de Repreensão a Crimes Informáticos (DRCI), destacou as principais informações e orientações relacionadas aos crimes virtuais.
Confira a entrevista
VGN - O senhor pode começar explicando o que é um crime cibernético?
Delegado Ruy Guilherme - Para que eu possa explicar o crime cibernético é preciso a gente definir o conceito, entender as duas principais modalidades que tem, que são os crimes cibernéticos próprios e os crimes cibernéticos impróprios.
Os crimes cibernéticos próprios eles vão atingir a inviolabilidade dos dados e outras informações, por exemplo, uma invasão de dispositivo informático com a intenção de simplesmente invadir, de ter acesso à informação. O outro exemplo, é a disseminação de vírus, hackeamentos. Já os crimes cibernéticos impróprios são aqueles que nós conhecemos que são praticados no meio físico e virtual, recebe essa denominação de crime cibernético improprio. Por exemplo, uma ameaça praticada por meio de uma rede social, por meio do WhatsApp, crimes contra a honra praticados pela internet, por meio de sites são denominados crimes cibernéticos impróprios. E com essas definições a gente chega a essas conclusões do que seriam os crimes cibernéticos.
VGN - E quais são os tipos mais comuns dos crimes próprios e impróprios?
Delegado Ruy Guilherme - Além desse principal que eu citei, que é o sequestro de perfis, o hackeamento de contas de WhatsApp, Instagram, redes sociais. Há um outro que não tem tanta frequência, mas que também ocorre para a disseminação de vírus, é o Hanswer, que é um crime cibernético próprio bem gravoso, bem nefasto. Porque geralmente os dispositivos são contaminados, quando a pessoa acaba instalando algum software pirata ou coisa nesse sentido e acaba contaminando o dispositivo. Agora os principais crimes cibernéticos impróprios são as fraudes eletrônicas, furtos eletrônicos, extorsões virtuais e entre outros.
VGN - Quais as principais motivações dessas pessoas que cometem esses crimes?
Delegado Ruy Guilherme - A depender do crime não haverá motivação ou a intenção de auferir lucro, mas, a grande maioria deles a motivação é financeira, é obter vantagem patrimonial, é subtrair recursos das contas das vítimas. Então essa é uma das principais, mas há crimes cibernéticos praticados por motivação de vingança. Por exemplo, o revenge porn, que é a pornografia de vingança que após o término de um relacionamento uma das partes divulga o nudes que eles registraram durante a constância da relação, a motivação pode ser vingança para humilhar outra pessoa.
VGN - Com o fácil acesso à internet por jovens e crianças, o que os pais devem fazer para evitarem que crianças e jovens corram risco dentro da internet?
Delegado Ruy Guilherme - Essa é uma ótima pergunta! Os pais são os garantidores dessas crianças, eles são os moderadores, os fiscalizadores dessas crianças no ambiente virtual. Ou seja, eles têm o dever legal de cuidar dessas crianças e esse cuidado ele é concretizado quando os pais acompanham de perto, quais tipos de sites as crianças estão acessando, quais tipos de jogos, quais vídeos estão assistindo. E existem também alguns aplicativos de controle parental, por exemplo, o Family Links, que é um aplicativo gratuito e completo, tem várias especialidades, os pais conseguem limitar a quantidade de hora em que os filhos vão ter acesso aos aplicativos, tem acesso a informações de localização dos filhos, e isso tudo visando proteger a criança e adolescente.
VGN - Quais os cuidados que as pessoas devem tomar para evitarem serem vítimas desses crimes? E caso forem, o que precisam fazer para denunciar?
Delegado Ruy Guilherme - Primeiro cuidado é não agir por impulso, desconfiar sempre, porque os criminosos vão trabalhar com o lado emocional das vítimas, com o psicológico, vão tentar por meio de uma engenharia social induzir a pessoa a fazer ou deixar de fazer alguma coisa e isso tudo criando situações de emergências.
No caso dos pais, acompanhar de perto o que seus filhos estão fazendo, porque a primeira responsabilidade sobre o que os filhos estão fazendo é dos pais, e não da escola e nem do Estado. Os pais devem acompanhar de perto, até porque dependendo das condutas praticadas pelos filhos, os pais podem responder criminalmente em algumas situações.
E caso caiam em golpes, fraldes ou sofram qualquer tipo de crime virtual, sendo próprio ou impróprio, devem imediatamente procurar a Delegacia de Polícia mais próxima, ou ligar no 197, ou no 181, que são os telefones de disque denúncia da Polícia Civil, vinculado ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública de Mato Grosso (Ciosp). O boletim de ocorrência pode ser registrado pelo site da Delegacia Virtual da Polícia Civil, e também pelo telefone do disque denúncia da DRCI o (65) 99973-4429, no qual o cidadão pode encaminhar as denúncias, que serão analisadas e se foram de atribuição da DRCI serão investigadas.
Temos um outro canal inédito para que a população faça contato com a DRCI e encaminhe suas denúncias, é o Instagram da Diretoria de Atividades Especiais (DAE), DAE@PCMT. Nesse Instagram, o cidadão pode encaminhar as denúncias, que depois os moderadores desta página reencaminham para nós. É importante também que o cidadão siga essa página para se manter atualizado nas principais dicas de segurança, sobre o que está acontecendo aqui no Estado de Mato Grosso.
VGN - A DRCI recebe em média quantas denúncias de crimes cibernéticos?
Delegado Ruy Guilherme - Nós não temos um número exato, porque são vários crimes, são várias frentes de atuação. Mas, poderíamos dizer que a gente realiza em torno de 40 atendimentos por dia. É um número alto e esses atendimentos são na grande maioria pelo próprio WhatsApp, de orientar por telefone ou rede social.
Estamos trabalhando também essas estatísticas para que possamos lançar elas no nosso sistema, para que passem a fazer parte da estatística oficial aqui da unidade, e a gente consiga melhorar nossa estrutura que ainda está em fase de melhorias.
VGN - Nos últimos meses surgiu um grande número de ameaças e ataques nas escolas, o que é um tema extremamente importante de ser abordado. O senhor acredita que a divulgação de nomes e imagens dos criminosos, podem influenciar de alguma forma os jovens a quererem cometer o mesmo tipo de crime?
Delegado Ruy Guilherme - Com certeza! É o chamado efeito 'contagio'. A DRCI foi o ponto fatual em nome da Operação Nacional da Escola Segura aqui no Mato Grosso, e uma das recomendações do próprio Ministério da Justiça, do laboratório de Operações Cibernéticos, de não divulgar fotos, imagens das eventuais armas que fossem apreendidas, bem como os vídeos que foram divulgados, o teor das ameaças. É justamente minimizar, porque essas pessoas que tem a vontade de cometer um massacre, praticar um ataque, praticar atos contra alunos e escolas, eles querem fama, querem holofotes, visibilidade do que eles estão ameaçando fazer ou que podem concretizar.
É muito importante essa pergunta, porque a imprensa deve ter essa sensibilidade na hora de compartilhar informações, não publicar nas matérias fotos de armas aprendidas. Por exemplo, o adolescente falou que vai realizar um banho de sangue na escola tal, não é para colocar esses termos. Porque isso vai inspirar, motivar outros adolescentes a praticar condutas semelhantes, por brincadeira ou às vezes até com real intenção.
Aqui no Estado de Mato Grosso em quinze a vinte dias de operação, nós identificamos e responsabilizamos em todo o Estado, em torno de 207 pessoas que estavam criando perfis falsos para realizar essas ameaças, ou aquelas pessoas que estavam pichando paredes de escolas, deixando bilhetinhos. Foi uma operação extremamente exitosa, pois assim que surgiu essa onda de ameaças, a Polícia Civil, a Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, a Secretaria de Segurança, a Diretoria da Polícia Civil, todos fizeram seu papel e se posicionaram. E nós com um somatório de forças conseguimos minimizar os efeitos dessa onda de pânico vindo das redes sociais.
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