Mesmo após sequestro e morte de dois jovens de Juína (730 km de Cuiabá), na última quarta-feira (09.12), índios da etnia Enawenê-nawê continuam bloqueando e cobrando pedágio na BR-174 entre Juína e Rondônia. A informação de que os índios continuam cobrando pedágio é da Polícia Federal.
Genes Moreira dos Santos Júnior, 24 anos, e Marciano Cardoso Mendes, 25 anos, seguiam para a divisa de Rondônia com a Bolívia, onde comprariam enxovais para revenderem em Juína, quando se envolveram em um desentendimento no local do pedágio.
Na região, segundo a PRF, são constantes as cobranças de pedágios e bloqueios pelos índios da aldeia Enawenê-nawê, localizada entre Comodoro, a 677 km da capital, e Juína. E, antes da morte dos dois amigos nesta semana, outros conflitos já foram registrados naquele trecho.
A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o sequestro e a morte dos dois rapazes. Depoimentos foram colhidos e, segundo a PF, os índios informaram que vários deles foram responsáveis pelo crime. A polícia, no entanto, já teria identificado alguns dos autores das mortes e deve pedir, ainda nesta semana, a prisão dos responsáveis.
Os corpos dos jovens foram entregues pelos índios por volta das 15h30 de sábado (12.12). Segundo Alzira Reis de Oliveira, amiga da família, os corpos estavam enrolados em uma lona preta e começaram a ser velados por volta das 23h30, no ginásio de esportes de Juína. Eles foram sepultados por volta das 11horas deste domingo (13.12), no cemitério municipal.
Eles foram mortos com requintes de crueldade, contou Alzira Reis de Oliveira, amiga da família.
“Eles foram entregues à polícia nus e foram mortos com requintes de crueldade. Genes levou seis tiros, sendo um na cabeça, e ainda quebraram o maximilar dele. Já o Marciano foi evidentemente torturado”, afirmou Alzira
Manifestação - Moradores de Juína e familiares das vítimas fizeram uma manifestação neste sábado, bloqueando a BR-174 e MT-170 e queimando pneus nas rodovias.
A irmã de Genes, Irene Henrique dos Santos, afirmou ao G1que, neste domingo, houve carreata na cidade em protesto pela morte dos dois amigos.
Indignada com o crime, Irene disse que os manifestos irão continuar ocorrendo na cidade “até que as autoridades competentes tomem alguma providência”.
“A vida do Genes e do Marciano não era simplesmente alguma carne que você joga fora. Os índios terão o que estão procurando. A partir de amanhã, voltaremos a fazer manifestações na cidade, a bloquearmos as rodovias. Não queremos apenas justiça. Queremos de volta a caminhonete dos meninos, os pertences deles, o relógio que meu irmão usava, os celulares e os R$ 15 mil que eles levavam para fazerem compras”, afirmou.
Segundo Irene, os corpos dos jovens foram entregues pelos índios à polícia sem roupa ou qualquer documento. De acordo com ela, as vítimas eram conhecidas dos índios, pois fazia aquela rota frequentemente, o que causou mais revolta à população.
“A cada meia hora, os índios mudam a versão do caso. Agora, eles falaram que os meninos saíram de Juína para roubar o dinheiro que eles arrecadaram no pedágio e que feriram um índio no ombro. Mas onde está esse índio ferido, que nunca aparece?”, questionou.
Para a irmã de Genes, os indígenas tinham conhecimento de que os amigos estavam com bastante dinheiro. “Frequentemente eles passavam pelo pedágio com a camionete vazia e retornavam à Juína carregados de mercadorias. Alguns dos índios, inclusive, eram clientes do meu irmão, que vendia enxovais e roupas”, disse.
Além de protestos, as famílias prometem ingressar com uma ação na Justiça contra os indígenas.
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