O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, decidiu, nesta tarde (22.05), liberar a íntegra do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril. O vídeo em questão foi citado pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, como prova de que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) estaria tentando interferir nos trabalhos da Polícia Federal.
Somente foram ocultados das imagens divulgadas, trechos em que se referem à China e ao Paraguai.
Moro deixou o Governo no último dia 24 de abril e, durante o pronunciamento em que anunciou sua saída, ele acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente da Polícia Federal. Em razão disso, o ex-ministro insistia na divulgação total do vídeo, já que, segundo ele, somente assim seria revelado o interesse de Bolsonaro de defender familiares e amigos de possíveis investigações.
“A reivindicação pela publicidade total da gravação trará à luz inquietantes declarações de tom autoritário inviáveis de permanecerem nas sombras, pois não condizem com os valores estampados de forma categórica no artigo 5º da Constituição Federal de 1988”, diz trecho do pedido de Moro.
Na reunião ministerial exibida no vídeo, Bolsonaro diz que teria tentado trocar “gente da segurança” no Rio de Janeiro para proteger seus familiares e amigos. Ele afirmou ainda que não iria admitir que seus irmãos fossem “perseguidos o tempo todo”.
“É a putaria o tempo todo para me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui para brincadeira”, disse o presidente.
Em outro trecho da reunião com os ministros, Bolsonaro fala sobre interferência nos ministérios, em bancos e também na Polícia Federal. À ocasião ele alega que não quer ser “surpreendido com notícias”.
“Eu não vou esperar o barco começar a afundar pra tirar água. Estou tirando água, e vou continuar tirando água de todos os ministérios no tocante a isso. A pessoa tem que entender. Se não quer entender, paciência, pô! E eu tenho o poder é vou interferir em todos os ministérios, sem exceção. Nos bancos eu falo com o Paulo Guedes, se tiver que interferir. Nunca tive problema com ele, zero problema com Paulo Guedes. Agora os demais, vou! Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações”, disse.
No decorrer da conversa com os ministros, que durou mais de duas horas, Bolsonaro fala sobre as eleições presidenciais de 2020. À oportunidade ele diz que não pretende ser reeleito, mas que se algum político de esquerda for eleito, ele e seus ministro terão que sair do Brasil para não serem presos.
“Eu tô me lixando com a reeleição. Eu quero mais que alguém seja eleito, se eu vier candidato, tá? Eu quero ter paz no Brasil, mais nada. Porque se for a esquerda, eu e uma porrada de vocês aqui teremos que sair do Brasil, porque vamos ser presos. E eu tenho certeza que vão me condenar por homofobia, oito anos por homofobia. Daí inventam um racismo, como inventaram agora pro Weintraub. Desculpa, desculpa o desabafo: puta que o pariu! O Weintraub pode ter falado a maior merda do mundo, mas racista? Vamos ter que reagir pessoal, é outra briga”, disse.
Ainda, durante a reunião, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi um dos mais contundentes críticos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) durante a reunião de ministros do dia 22 de abril. “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, afirmou Weintraub.
Veja laudo digitalizado da reunião ministerial
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