por Wilson Pires*
Voz tranqüila, fala pausada, olhar sereno, gestos decididos e uma disposição férrea para o trabalho, o empresário Zeid Sacre é um dos principais personagens da história recente de Várzea Grande. Foi o empresário do mercado financeiro mais solicitado na Cidade Industrial. Foi discreto, não gostava de aparecer, detestava puxa-sacos e não se envolveu em política. Gostava mesmo era de curtir a família e de trabalhar.
Quem conheceu aquele senhor grisalho e um pouco franzino atravessando a Avenida Filinto Muller com pressa e quase correndo pelas ruas de Várzea Grande, dificilmente imaginava que era um empresário do mercado financeiro que estava prestes a fechar um negócio. E assim era o cotidiano do empresário Zeid Sacre, que se estivesse vivo, em 23 de julho completaria 96 anos, embora sempre aparentasse ser vinte anos mais novo. “O homem descansa trabalhando; não se pode ficar de braços cruzados”, filosofava o empresário.
Filho do comerciante Mahamud Sacre, oriundo da Síria, e da paulista Izaura de Carvalho Sacre, o empresário Zeid se orgulhava de sempre viver do próprio suor, desde a juventude. “Trabalhando de sol a sol”, afirmava ele.
Foi casado mais de 61 anos com dona Nair Lopes Sacre, seu Zeid garantia que o seu maior orgulho eram as três filhas do casal: Marlene Sacre, Cibele Sacre Mutran e Lucimar Sacre de Campos. “Graças a Deus minhas filhas estão bem casadas e tenho netos lindos”, dizia ele como vovô coruja e pelo carinho dispensado aos netos.
Cuidando dos negócios com extremo zelo e apaixonado pela família, Zeid Sacre afirmava ser um homem feliz. “Consegui realizar os principais sonhos da minha vida e a cada dia me sinto mais alegre”, argumentava ele. Os muitos netos eram os responsáveis pela alegria do avô. Sacre garantia que todo tempo disponível era sempre dedicado a família.
Zeid Sacre gostava sempre de dizer que as três filhas foram bem casadas. A mais velha, Marlene Sacre, é casada com o empresário Geraldo Castilho Cardoso. A segunda filha é Cibele Sacre Mutran, casada com o engenheiro Benedito Mutran, já a filha caçula do casal Zeid e Nair é Lucimar Sacre de Campos, casada com o ex-governador Jaime Veríssimo Campos. Lucimar e Jaime Campos tiveram quatro filhos: Jaiminho, Michele, Gisele e Dudu. “Os netos são o complemento da felicidade dos avôs”, dizia Zeid Sacre, assegurando que as crianças são muito inteligentes. Ele observava que jamais devia subestimar a inteligência das crianças, que revelam o potencial de QI às vezes com simples perguntas.
Seu Zeid teve duas irmãs: Naufly Sacre, que residiu em Ribeirão Preto (SP), e Diva Sacre, em Botucatu (SP). Mesmo à distância, ele mantia uma estreita ligação familiar.
TRABALHO ÁRDUO
Procurando vencer todas as adversidades, o empresário do mercado financeiro Zeid Sacre trabalhava há mais de 60 anos. Do seu escritório, na Avenida Filinto Muller, controlava pessoalmente os seus negócios. A própria decoração do escritório mostrava um pouco da personalidade de Sacre: era sóbria, com fotos de pais, esposa, filhos e netos afixados na parede, em antigas molduras.
Quando falava de seus negócios, Zeid Sacre não escondia o seu método de trabalho: só dá a César, o que a ele pertence. E fica apenas com o que é seu. É preto no branco, como dizem os frios e calculistas dos grandes centros urbanos como São Paulo.
Zeid Sacre se mudou para Várzea Grande, com dona Nair, em fevereiro de 1977. Primeiro, porém, vieram as filhas Cibele Sacre Mutran e Lucimar Sacre de Campos. Foi por causa delas que ele deixou São Paulo.
Na Cidade Industrial, começou arrendando o Posto de combustível Trevinho, no entroncamento das Avenidas Couto Magalhães, Ulisses Pompeo de Campos e Júlio Campos. Ele arrendou o Posto Trevinho da Companhia Distribuidora de Petróleo Ipiranga. Aos poucos, teve condições de comprar o referido Posto. Depois, comprou mais postos. Decidido a mudar de ramo, vendeu todos os postos de revenda de combustível que possuía, inclusive o Trevinho, após oito anos de trabalho.
Começou a trabalhar no mercado financeiro em 1986. Por isso, sempre foi um homem bem informado. Era assinante de todos os jornais diários da grande Cuiabá e dos quatro maiores do Brasil, O Estadão, Folha de São Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.
FORA DA POLÍTICA
Embora fosse uma pessoa bastante influente em Várzea Grande, Zeid Sacre nunca disputou qualquer cargo público eletivo. Não se envolvia em política e nem mesmo nas disputas eleitorais dos amigos. Nem mesmo em Avaré cidade de São Paulo, aonde chegou a ser apontado como favorito em algumas pesquisas de opinião pública nas décadas de 60 e 70, jamais se interessou.
Sacre sempre dizia, que de suas filhas apenas Lucimar Campos tinha vocação política na família. Zeid acreditava que a filha caçula havia herdado o sangue político do avô materno, coronel Ludovico Lopes Medeiros, pai de dona Nair. “Ela sempre gostou de política”, dizia.
O empresário assegurava que nunca pleiteou qualquer cargo. Aliás, ele nem gostava de aparecer. Para conceder entrevista à imprensa, primeiro explicava que não era candidato a nada. Também se orgulhava de não ter pedido qualquer cargo e tampouco favores, embora o genro Jayme Campos já tenha sido prefeito de Várzea Grande e governador do Estado na época. Sacre fazia questão de dizer que se dava muito bem com Jayme Campos e que admirava o genro.
TERRA DO FUTURO
O fato mais marcante na vida de Zeid Sacre é ver a felicidade das filhas. A origem síria ainda bate forte no peito. “Como elas vivem bem, eu e minha esposa somos felizes”, dizia ele.
Sobre Várzea Grande, Zeide Sacre não poupava elogios: “é a cidade do futuro”. Ele acreditava muito na Cidade Industrial, e que aqui era o futuro da família. “Basta trabalhar e ter um mínimo de visão futurista” analisava.
Sacre se orgulhava de sempre ter acreditado em Várzea Grande. “Tudo que ganhei aqui, investi aqui”, assegurava ele. Não é para menos. Sacre possuía 56 imóveis na Cidade Industrial, adquiridos com trabalho honesto.
Até 1990, todos os domingos distribuía pães ás famílias carentes. Quando viu que, após alguns anos, as famílias que iam buscar os pães estavam sempre em carros do ano, suspendeu a ação caridosa por tempo indeterminado. Porém, todo ano, no Natal, distribuía presentes para crianças de famílias de baixa renda e também “cestas básicas”. Era por essas e outras razões que encontrava forças para trabalhar, mesmo sabendo que poderia descansar um pouco mais.
O empresário Zeid Sacre morreu em Várzea Grande, aos 86 anos, no dia 04 de abril de 2005.
Voz tranqüila, fala pausada, olhar sereno, gestos decididos e uma disposição férrea para o trabalho, o empresário Zeid Sacre é um dos principais personagens da história recente de Várzea Grande. Foi o empresário do mercado financeiro mais solicitado na Cidade Industrial. Foi discreto, não gostava de aparecer, detestava puxa-sacos e não se envolveu em política. Gostava mesmo era de curtir a família e de trabalhar.
Quem conheceu aquele senhor grisalho e um pouco franzino atravessando a Avenida Filinto Muller com pressa e quase correndo pelas ruas de Várzea Grande, dificilmente imaginava que era um empresário do mercado financeiro que estava prestes a fechar um negócio. E assim era o cotidiano do empresário Zeid Sacre, que se estivesse vivo, em 23 de julho completaria 96 anos, embora sempre aparentasse ser vinte anos mais novo. “O homem descansa trabalhando; não se pode ficar de braços cruzados”, filosofava o empresário.
Filho do comerciante Mahamud Sacre, oriundo da Síria, e da paulista Izaura de Carvalho Sacre, o empresário Zeid se orgulhava de sempre viver do próprio suor, desde a juventude. “Trabalhando de sol a sol”, afirmava ele.
Foi casado mais de 61 anos com dona Nair Lopes Sacre, seu Zeid garantia que o seu maior orgulho eram as três filhas do casal: Marlene Sacre, Cibele Sacre Mutran e Lucimar Sacre de Campos. “Graças a Deus minhas filhas estão bem casadas e tenho netos lindos”, dizia ele como vovô coruja e pelo carinho dispensado aos netos.
Cuidando dos negócios com extremo zelo e apaixonado pela família, Zeid Sacre afirmava ser um homem feliz. “Consegui realizar os principais sonhos da minha vida e a cada dia me sinto mais alegre”, argumentava ele. Os muitos netos eram os responsáveis pela alegria do avô. Sacre garantia que todo tempo disponível era sempre dedicado a família.
Zeid Sacre gostava sempre de dizer que as três filhas foram bem casadas. A mais velha, Marlene Sacre, é casada com o empresário Geraldo Castilho Cardoso. A segunda filha é Cibele Sacre Mutran, casada com o engenheiro Benedito Mutran, já a filha caçula do casal Zeid e Nair é Lucimar Sacre de Campos, casada com o ex-governador Jaime Veríssimo Campos. Lucimar e Jaime Campos tiveram quatro filhos: Jaiminho, Michele, Gisele e Dudu. “Os netos são o complemento da felicidade dos avôs”, dizia Zeid Sacre, assegurando que as crianças são muito inteligentes. Ele observava que jamais devia subestimar a inteligência das crianças, que revelam o potencial de QI às vezes com simples perguntas.
Seu Zeid teve duas irmãs: Naufly Sacre, que residiu em Ribeirão Preto (SP), e Diva Sacre, em Botucatu (SP). Mesmo à distância, ele mantia uma estreita ligação familiar.
TRABALHO ÁRDUO
Procurando vencer todas as adversidades, o empresário do mercado financeiro Zeid Sacre trabalhava há mais de 60 anos. Do seu escritório, na Avenida Filinto Muller, controlava pessoalmente os seus negócios. A própria decoração do escritório mostrava um pouco da personalidade de Sacre: era sóbria, com fotos de pais, esposa, filhos e netos afixados na parede, em antigas molduras.
Quando falava de seus negócios, Zeid Sacre não escondia o seu método de trabalho: só dá a César, o que a ele pertence. E fica apenas com o que é seu. É preto no branco, como dizem os frios e calculistas dos grandes centros urbanos como São Paulo.
Zeid Sacre se mudou para Várzea Grande, com dona Nair, em fevereiro de 1977. Primeiro, porém, vieram as filhas Cibele Sacre Mutran e Lucimar Sacre de Campos. Foi por causa delas que ele deixou São Paulo.
Na Cidade Industrial, começou arrendando o Posto de combustível Trevinho, no entroncamento das Avenidas Couto Magalhães, Ulisses Pompeo de Campos e Júlio Campos. Ele arrendou o Posto Trevinho da Companhia Distribuidora de Petróleo Ipiranga. Aos poucos, teve condições de comprar o referido Posto. Depois, comprou mais postos. Decidido a mudar de ramo, vendeu todos os postos de revenda de combustível que possuía, inclusive o Trevinho, após oito anos de trabalho.
Começou a trabalhar no mercado financeiro em 1986. Por isso, sempre foi um homem bem informado. Era assinante de todos os jornais diários da grande Cuiabá e dos quatro maiores do Brasil, O Estadão, Folha de São Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.
FORA DA POLÍTICA
Embora fosse uma pessoa bastante influente em Várzea Grande, Zeid Sacre nunca disputou qualquer cargo público eletivo. Não se envolvia em política e nem mesmo nas disputas eleitorais dos amigos. Nem mesmo em Avaré cidade de São Paulo, aonde chegou a ser apontado como favorito em algumas pesquisas de opinião pública nas décadas de 60 e 70, jamais se interessou.
Sacre sempre dizia, que de suas filhas apenas Lucimar Campos tinha vocação política na família. Zeid acreditava que a filha caçula havia herdado o sangue político do avô materno, coronel Ludovico Lopes Medeiros, pai de dona Nair. “Ela sempre gostou de política”, dizia.
O empresário assegurava que nunca pleiteou qualquer cargo. Aliás, ele nem gostava de aparecer. Para conceder entrevista à imprensa, primeiro explicava que não era candidato a nada. Também se orgulhava de não ter pedido qualquer cargo e tampouco favores, embora o genro Jayme Campos já tenha sido prefeito de Várzea Grande e governador do Estado na época. Sacre fazia questão de dizer que se dava muito bem com Jayme Campos e que admirava o genro.
TERRA DO FUTURO
O fato mais marcante na vida de Zeid Sacre é ver a felicidade das filhas. A origem síria ainda bate forte no peito. “Como elas vivem bem, eu e minha esposa somos felizes”, dizia ele.
Sobre Várzea Grande, Zeide Sacre não poupava elogios: “é a cidade do futuro”. Ele acreditava muito na Cidade Industrial, e que aqui era o futuro da família. “Basta trabalhar e ter um mínimo de visão futurista” analisava.
Sacre se orgulhava de sempre ter acreditado em Várzea Grande. “Tudo que ganhei aqui, investi aqui”, assegurava ele. Não é para menos. Sacre possuía 56 imóveis na Cidade Industrial, adquiridos com trabalho honesto.
Até 1990, todos os domingos distribuía pães ás famílias carentes. Quando viu que, após alguns anos, as famílias que iam buscar os pães estavam sempre em carros do ano, suspendeu a ação caridosa por tempo indeterminado. Porém, todo ano, no Natal, distribuía presentes para crianças de famílias de baixa renda e também “cestas básicas”. Era por essas e outras razões que encontrava forças para trabalhar, mesmo sabendo que poderia descansar um pouco mais.
O empresário Zeid Sacre morreu em Várzea Grande, aos 86 anos, no dia 04 de abril de 2005.
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