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Artigos Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018, 17:10 - A | A

Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018, 17h:10 - A | A

Opinião

Pesquisas eleitorais: Para que servem?

por Juacy da Silva*

A presença de pesquisas eleitorais é um fato existente em todos os países democráticos, onde as eleições são realizadas de forma periódica para possibilitar que os eleitores possam melhor escolher seus governantes.

Essas pesquisas, para que sejam verdadeiras, devem obedecer a metodologia própria das ciências humanas e sociais, sejam elas quantitativas ou qualitativas e tem por objetivos possibilitar aos partidos, coligações ou equipes de os candidatos conhecerem as intenções dos eleitores e, a partir desse conhecimento da realidade, permitir aos mesmos traçarem suas estratégias de convencimento dos eleitores e/ou desconstruírem a imagem de seus adversários.

Enquanto alguns institutos de pesquisas divulgam de forma ampla seus resultados, para que também os eleitores possam definir suas escolhas, mudando, inclusive de opção de voto no futuro, os partidos e equipes de campanha de candidatos realizam as chamadas pesquisas qualitativas, ouvindo pessoas que possam indicar como captam a realidade e quais os fatos ou fenômenos que podem interferir nas preferências dos eleitores.

No Brasil existem alguns institutos de pesquisa de opinião que gozam de credibilidade por parte da sociedade, principalmente pelos “acertos” que conseguem em suas previsões, a partir das tendências observadas ao longo de uma série histórica, geralmente diversos meses ou semanas antes dos pleitos e também a chamada “pesquisa de boca de urna”.

Os principais institutos de pesquisas eleitorais no Brasil são o Datafolha; o IBOPE, o Vox Populi, o CNT/MDA que, a medida que as eleições se aproximam passam a ter uma periodicidade semanal, ajudando, assim tanto os eleitores quanto os candidatos, partidos e suas equipes de coordenação e também seus marqueteiros, procurando reforçar ou mudar algumas estratégias para conseguir alavancar melhores índices ou evitar falhas que possam comprometer uma possível vitória.

É importante salientar que não se pode comparar numericamente ou aritmeticamente pesquisas de diferentes institutos, os números são diferentes a cada momento, afinal, as pesquisas representam uma fotografia da cabeça do eleitor, caso a eleição fosse realizada no dia da entrevista. Mas mesmo assim, pode-se captar as tendências, que acabam sendo bem parecidas independente dos institutos, desde que a metodologia seja científica, ou seja, que a amostra/pesquisa represente fielmente os diversos estratos sociais, econômicos, demográficos ou regiões do país.

Ao longo do período da pré-campanha tivemos alguns fatos significativos, os chamados “fatos portadores de futuro”, que, ao acontecerem podem mudar, as vezes radicalmente o ânimo dos eleitores e alterar não apenas os resultados das pesquisas, mas também os resultados das eleições propriamente ditas.

O primeiro fato foi a prisão do ex-presidente Lula, considerado um verdadeiro mito, quase imbatível em todas as pesquisas realizadas antes de abril. Coube ao PT traçar e colocar em curso uma estratégia, que alguns já sabiam era impossível, visto que a candidatura do mesmo seria barrada pela Justiça eleitoral, por ter sido condenado e “enquadrado” na Lei da Ficha Limpa, sendo substituído na undécima hora pelo candidato a vice escolhido na convenção do partido.

Antes disso, as pesquisas perscrutavam para quem iria o espólio de Lula, se para Marina, Ciro Gomes ou para Fernando Hadad que todos sabiam seria o candidato real do PT. Como Marina apoiou Aécio Neves no segundo turno da última eleição presidencial em 2014 e depois apoiou o impeachment de Dilma e disse várias vezes que a prisão de Lula era justa, jamais iria receber votos de petistas ou simpatizantes de Lula, apesar de ter sido do PT, ministra de Lula e já ter participado de campanhas presidenciais anteriormente.

Ao longo do último mês, em todas as pesquisas de todos os institutos Marina Silva simplesmente “desidratou” como alguns dizem e os últimos resultados de pesquisas do Datafolha e IBOPE desta semana demonstram que ela está em queda livre e deverá, com alta probabilidade, terminar no grupo de candidatos que chegam ao máximo a 5% ou 6% dos votos. Cabe apenas a indagação, para quem irão os votos de Marina no segundo turno? E os de Ciro Gomes?

Outro fato “portador” de futuro foi a facada, atentado, contra o candidato de extrema direita Bolsonaro, de forma bastante açodada muitas pessoas, inclusive jornalistas e analistas políticos falaram abertamente que a facada iria projetar o candidato na condição de vítima e ele poderia até vencer no primeiro turno. Ledo engano, o seu crescimento foi pífio e além disso sua rejeição continua alta e subindo bastante em algumas regiões e segmentos.

O terceiro fato foi a definição de Fernando Hadad como candidato do PT a Presidente da República, em poucos dias, praticamente umasemana o mesmo disparou na preferência de largas camadas de eleitores indicando que está em ascensão, herdou os votos de Lula e deverá chegar ao segundo turno, deixando para traz Ciro Gomes e Geraldo Alkmin, que também estão “estáveis” com tendência de queda acentuada nas próximas pesquisas.

Em decorrência, tanto a equipe de Fernando Hadad, quanto de Bolsonaro já começam a refletir e traçar estratégias voltadas ao segundo turno, a busca de apoio e alianças com outros partidos e candidatos que ficarão pelo caminho. Para isso as próximas pesquisas serão fundamentais.

Vislumbra-se, para o segundo turno, um embate entre extrema direita e esquerda, onde os eleitores de centro devem ser o fiel da balança.

*Juacy da Silva professor universitario e aposentado UFMT

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