por Emanuel Pinheiro Neto*
Há pouco mais de seis meses, o governo do estado assumiu a gestão da Saúde de Cuiabá, sob a justificativa de que a administração municipal fazia uma má gestão da pasta.
Reconheço que ainda há um caminho a ser percorrido até que a prefeitura possa entregar para a população SUS toda a assistência e infraestrutura que acreditamos que seja ideal, mas é inegável, também, que as demandas na Saúde crescem constante e vertiginosamente, gerando problemas considerados crônicos no sistema SUS por todo o país.
Seria injusto de minha parte não valorizar e reconhecer os avanços que o atual prefeito promoveu na saúde da cidade, como a construção do HMC e de UPAs, a criação de programas como o SOS AVC, AMOR e Melhor em Casa, e a ampliação do atendimento em saúde bucal, buscando melhorar o atendimento para toda a população cuiabana. Portanto, dizer que a gestão do município não cuida bem da saúde pública, evidencia a realidade de uma perseguição política em nossa capital.
Nesse período em que a Saúde de Cuiabá está sob intervenção estadual, já recebemos diversas denúncias do mau funcionamento dessa administração, como, por exemplo, a prestação de assistência à saúde precária à população e o desprezo pelos servidores municipais.
Agora, por fim, confirmando as delações da população e funcionários da saúde e também nossas suspeitas de uso político da intervenção, mais um escândalo vem à tona: irresponsabilidade fiscal e contábil do gabinete da intervenção. É isso que revela não só o relatório entregue pelo prefeito Emanuel Pinheiro à ALMT, TJMT, MP e para a Câmara Municipal.
De acordo com o dossiê, existe um rombo de cerca de R$190 milhões nas finanças da saúde de Cuiabá, causadas por repasses sem respeitar a devida norma processual de pagamentos do município. Além disso, a documentação também aponta o aporte de R$70 milhões para a saúde de Cuiabá, recursos repassados pelo governo do estado como um adiantamento, e, que, podem comprometer o orçamento da saúde da capital no próximo ano.
Como já disse em outras ocasiões, independente de divergências políticas, o SUS preza pela colaboração entre os poderes, e é triste constatar que o gabinete de intervenção tem atuado de forma estritamente política e não têm dado continuidade às boas ações que estavam sendo executadas pela gestão da SMS, proporcionando o verdadeiro desmonte da assistência de saúde na capital. Não bastasse isso, o gabinete não apresentou proposta alguma para resolução das falhas na saúde da cidade, e tem agido de forma irresponsável, demonstrando mais uma vez que o governo do estado nunca esteve preocupado em amparar o município.
Concluo com a certeza de que, fora ter acusado injustamente o prefeito de má gestão da saúde e não ter ajudado a resolver questões que a saúde municipal enfrenta, a intervenção aprofundou os problemas da saúde municipal, transformando o assunto em um espetáculo, o qual está sendo instrumentalizado pelo governador de forma política e midiática, cavando uma crise na saúde da capital. Até dezembro deste ano, serão nove meses de uma total ‘desgestão’ do gabinete da intervenção, o que, como já vem dando sinais, irá deixar a saúde de Cuiabá numa situação bem pior do que quando assumiu.
Como parlamentar eleito por nossa gente, não posso e não vou me omitir ou abandonar a quem mais precisa neste momento, principalmente por disputas que nada agregam a quem precisa de atendimento nas portas de atendimento de Saúde na capital, que abraça não só os cuiabanos e cuiabanas, como irmãos e irmãs mato-grossenses que também sofrem com a desassistência do estado em outras regiões.
Como vice-líder do governo Lula, consegui articular a destinação de R$71 milhões para investimentos na saúde de Mato Grosso, sendo R$30 milhões direcionados para a capital. Acredito que apenas o trabalho sério e verdadeiramente preocupado com quem mais precisa é a chave para mudarmos essa realidade. O resto é papo de quem só olha para as urnas, e não para as ruas.
*Emanuel Pinheiro Neto - deputado federal (MDB-MT) e vice-líder do governo na Câmara dos Deputados
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