Dra. Giovana Fortunato*
A endometriose é uma doença que atinge o sistema reprodutor feminino e que pode causar cólica intensa, fluxo menstrual irregular e dores durante ou após a relação sexual. Uma das dúvidas mais frequentes a respeito desse problema de saúde é se a endometriose na gravidez pode representar uma gestação de risco, tanto para a mãe quanto para o bebê.
A endometriose pode dificultar a gravidez, por diversos fatores. Os principais são: a inflamação no útero, que dificulta a implantação do embrião; obstrução nas trompas por aderências; inflamação dos ovários (que prejudica a qualidade dos óvulos) e cistos de endometriose nos ovários também podem dificultar a ovulação e a fecundação.
A gestação de alto risco é caracterizada pela propensão aumentada às intercorrências obstétricas. Essa suscetibilidade pode vir acompanhada de doenças que a portadora já tinha antes da gravidez e que podem se agravar com a fisiologia gestacional, como diabetes, pressão alta e trombofilia.
Entre os principais fatores que podem causar uma gestação de alto risco, estão:
* doença existentes antes da gravidez;
* doenças adquiridas durante a gestação;
* complicações em gestações anteriores;
* características físicas da gestante (como idade e peso)
* presença de anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
* exposição a agentes prejudiciais ao feto (como radiação, agentes químicos, drogas e infecções) e;
* hábitos da gestante (como fumo e álcool).
Nesse sentido, a endometriose também deve ser bem observada durante esse período. A endometriose, a infertilidade e a gestação de alto risco: todas essas condições deixam a mulher em uma situação delicada, que envolve tanto repercussões físicas quanto emocionais. No entanto, com apoio médico especializado, é possível ter desfechos positivos e saudáveis.
A endometriose está associada a uma maior incidência de complicações obstétricas. Os resultados gestacionais adversos podem ocorrer em razão de uma série de fatores, como presença de componentes inflamatórios, redução da qualidade dos óvulos, resposta diminuída à ação do hormônio progesterona, problemas na placentação e menor contratilidade do útero.
Segundo estudo publicado em setembro de 2019 na Obstetrics & Gynecology, a endometriose está associada a uma maior incidência de resultados obstétricos adversos específicos, como aborto espontâneo, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e gestação ectópica.
Qual é a conduta adequada nesses casos?
Apesar dos riscos aumentados, o acompanhamento pré-natal é feito normalmente para gestantes com endometriose e o tratamento da doença não é realizado durante a gravidez. Contudo, a paciente precisa redobrar sua atenção diante de sinais de complicações e procurar atendimento médico quando suspeitar de alguma adversidade.
Após o parto, a mulher deve buscar avaliação especializada para iniciar ou retomar o tratamento da doença.
É através do acompanhamento pré-natal que se torna possível oferecer o máximo de segurança durante a gestação e no período puerperal. Para garantir isso, o ideal é que uma equipe multidisciplinar esteja ao lado da família nesse momento tão especial. Isso pode incluir, além dos profissionais de ginecologia e obstetrícia, o suporte de especialistas de outras áreas como fisioterapia, enfermagem, nutrição, psicologia e medicina fetal. De uma forma geral, a endometriose é uma doença que deve ser monitorada durante toda a gestação. Vale lembrar que a maior incidência de risco não significa certeza de complicações. Com alguns cuidados, a mulher pode ter uma gestação tranquila.
*Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, professora do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade na Eladium
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