por Luiz Henrique Lima *
Ontem participei de um grande ato público em prol da extensão da Ferrovia senador Vicente Vuolo até Cuiabá.
Realizado na sede da Federação das Indústrias, o evento do Fórum pró-ferrovia em Cuiabá, contou com a participação de lideranças empresariais e comunitárias, senadores, deputados federais, presidente da Assembleia, diversos prefeitos, inclusive o de Cuiabá, além do representante do governador. Foi um encontro de enorme significado, tanto pelo conteúdo das informações técnicas apresentadas, quanto pela importância da união em torno dessa causa das principais lideranças políticas e sociais mato-grossenses.
Há vários anos tenho escrito nesse mesmo espaço artigos defendendo a magnitude estratégica dessa ferrovia para o desenvolvimento de Mato Grosso.
Possuímos uma privilegiada localização geográfica, no coração da América do Sul. Somos abençoados com água e sol em abundância, bem como solo fértil, o que nos confere enorme potencial energético e de produção de alimentos. Nos últimos vinte anos, o trabalho de nossa gente permitiu a Mato Grosso um crescimento econômico muito superior à média nacional, além de nos ter convertido em sustentáculo da balança comercial brasileira e, por conseguinte, avalistas da saúde da economia nacional.
O que nos falta? Muita coisa sem dúvida, mas hoje o meu tema é logística.
Nossa infraestrutura rodoviária de ligação com os portos exportadores é precária, como testemunhou o recente mega-atoleiro de 4.000 caminhões na BR-163. Nosso principal aeroporto, sob administração federal, é constantemente avaliado como um dos piores do país e ainda não oferece voos internacionais, malgrado a relativa proximidade com os países andinos. Nossas hidrovias são aproveitadas apenas em pequena fração de seu potencial. E as ferrovias, ah, as ferrovias!
Como cantava Emílio Santiago: "Tantas palavras, meias palavras ..."
Quantas promessas, falsas promessas, de governantes que vieram a Mato Grosso e "lançaram" uma, duas, muitas ferrovias, com a mesma facilidade de Toquinho, na linda música Aquarela: "e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo".
É preciso que em Brasília compreendam que a ferrovia trará ganhos significativos para o país e não só para Mato Grosso em pelo menos três esferas: a econômica, a humana e a ambiental.
Do ponto de vista econômico, a substituição do transporte rodoviário pelo ferroviário provoca a diminuição do valor do frete, reduzindo custos e tempo de transporte, o que significa que os grãos produzidos em Mato Grosso terão maior competitividade no mercado internacional e que os produtos aqui consumidos chegarão por um custo menor.
Do ponto de vista humano, milhões de toneladas de grãos que deixarão de circular nas rodovias representam a eliminação de dezenas de milhares de viagens de carretas pesadas. Isso significa que o trânsito nas rodovias irá melhorar muito, reduzindo o tempo de viagem dos demais usuários, bem como, principalmente, o número de acidentes fatais. Muitas vidas serão poupadas, bem como o sofrimento com internações hospitalares, custos com reabilitação etc. Ademais, o desgaste da pavimentação será menor, reduzindo os custos de manutenção.
Sob o enfoque ambiental, o transporte de grãos em caminhões pesados é responsável pela emissão quatro vezes maior de gases do efeito estufa em relação ao modal ferroviário, em gramas de dióxido de carbono (gCO2) por tonelada-quilômetro-útil (Tku). Assim, o transporte ferroviário de milhões de toneladas nos milhares de quilômetros entre Mato Grosso e os portos do Atlântico representa uma redução de emissão de muitas milhões de toneladas de gases do efeito estufa, gerando significativo impacto ambiental positivo para o país e o planeta. Mesmo na etapa de obras de implantação, o impacto ambiental de uma ferrovia é menor que o de uma rodovia com o mesmo traçado.
A ferrovia até Cuiabá e depois Sinop é estratégica para o país.
Viva a ferrovia! Ferrovia já, até Cuiabá!
Luiz Henrique Lima é Conselheiro Substituto do TCE-MT.
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