por Vinicius de Carvalho*
Um aspecto que tem me chamado nesta eleição é o número de candidatos, para prefeito, vereador e senador. No caso das eleições municipais um fator importante é o fim da coligação na eleição proporcional combinada com a cláusula de barreira para deputado federal.
No caso de Mato Grosso há ainda um componente adicional. Está acontecendo uma reacomodação de forças políticas, baseada na emergência de alguns nomes novos na arena eleitoral. A tão desejada renovação está acontecendo, ainda que seja apenas nominal. Vou me concentrar nas eleições para prefeitura das três maiores cidades do Estado, de modo a demonstrar como a maioria dos candidatos está de olho neste espaço que está se abrindo com o ocaso de algumas lideranças.
Em Cuiabá existem oito candidatos a prefeito. Emanuel Pinheiro é favorito e há uma forte tendência de segundo turno, dada a existência de quatro ou até cinco candidaturas acima de 10% das intenções de voto. Abílio Júnior, Gisela Simona e Roberto França são aqueles com maior chance de passar para a segunda etapa. Ainda que sejam derrotados, agora ficam posicionados para 2022. Roberto França retorna ao cenário depois de 20 anos sem ganhar uma eleição como titular. Em caso de derrota torna-se um forte candidato a voltar para a Assembleia Legislativa. O mesmo vale para o Abílio Junior e Felipe Wellaton. Em 2018 dois vereadores e um ex-vereador de Cuiabá foram eleitos deputados estaduais, o que não ocorria desde 2006.
Isto configura uma “recuiabanização” da política de Mato Grosso, ainda que em novas bases. Um terço da bancada foi preenchido por candidatos domiciliados na região metropolitana, reequilibrando representação e eleitorado. Gisela Simona tende a disputar de novo a eleição para deputado federal, tendo como grande missão obter mais que os 33.000 votos em Cuiabá que teve em 2018, quando foi a melhor votada no município. Uma eventual vitória para a prefeitura seria um bônus.
Na movimentação das forças cabe destacar a saída de Guilherme Maluf para o Tribunal de Contas do Estado, caminho que pode também ser seguido por Eduardo Botelho. Wilson Santos dá sinais de que poderia se aposentar da disputa por mandatos eletivos e Allan Kardec concorreria a deputado federal, o que pode abrir mais duas vagas. Este espaço aberto tem sido um dos motivadores para as candidaturas este ano, inclusive do deputado Elizeu Nascimento para Senador. Uma boa votação pode posicioná-lo bem para deputado federal. Lembro que em 2018 houve uma renovação bruta de quase toda a bancada, com a reeleição apenas de Carlos Bezerra.
O mesmo vale para Várzea Grande, que há um bom tempo não elege deputado estadual ou federal domiciliado lá. As candidaturas a prefeito visam massificar novos nomes, já que os três principais nunca disputaram esse tipo de eleição. Emanuelzinho teve cerca de 11.500 votos no município e pode melhorar esse resultado, se cacifando para um segundo mandato na Câmara dos Deputados em caso de derrota na prefeitura. O mesmo vale para Flávio Vargas e Kalil Baracat, que seriam candidatíssimos a estadual.
O caso de Rondonópolis é ainda mais evidente. Está com oito candidatos, numa cidade que polariza uma região importante do Estado, com quase 500.000 habitantes. Além disto, tem a tradição de eleger 4 ou até 5 deputados estaduais e 2 ou 3 federais. Nomes mais tradicionais como Teté Bezerra, Gilmar Fabris, Jota Barreto, Percival Muniz se afastaram da Assembleia Legislativa, abrindo espaço para os chegantes. Wellington Fagundes deve disputar a reeleição no Senado e Adilton Sachetti é uma incógnita. Veremos quem largará na frente rumo a 2022.
*Vinicius de Carvalho é gestor governamental, analista político e professor universitário.
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