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Artigos Quarta-feira, 07 de Junho de 2017, 09:44 - A | A

Quarta-feira, 07 de Junho de 2017, 09h:44 - A | A

OPINIÃO

Vício: um erro natural

por Bayard Galvão*

Por que as pessoas se viciam em cigarro, álcool, maconha, calmantes, chocolates e crack? Porque provocam prazer e alívio.

Instinto é uma maneira de funcionar psicologicamente com a qual os animais nascem, que seria buscar prazer e fugir da dor, de maneira mais imediata, intensa e sem esforço possível. Nestes termos, tudo que provocar prazer ou alívio estará de acordo com o instinto, ou seja, será naturalmente buscado.

A pessoa viciada em "crack" trocou todas, ou quase todas as buscas da vida por pedras que, ao serem fumadas, darão prazer intenso. As propagandas antidrogas costumam errar em suas frases, dizendo: "Drogas vão matar você!". A frase certa seria: "Drogas dão muito prazer, mas se forem mal usadas, podem acabar com a sua vida".

Caminhemos pela sequência do raciocínio: qual droga é lícita ou não?; precisa de "receita" médica ou não?; pode ser usada a partir de qual idade?; em que situação ("Se beber, não dirija")?; quanto de uso é considerado razoável/saudável ou não?; e quais os efeitos orgânicos comuns relacionados ao seu uso a curto, médio e longo prazo?.

A minha regra sobre aprender a lidar com prazeres é a seguinte: use drogas lícitas de maneira saudável, num nível que lhe faça mais bem do que mal.

É fácil lidar relativamente bem com vinho, mas difícil fazer o mesmo com a cocaína. Simplesmente porque o segundo tende a dar mais prazer, afetar muito mais o cérebro (por vezes de maneira irreversível) e sua compra é complicada e implica em atividades ilegais .

A dependência química pode ser dividida em dois aspectos: orgânica e psicológica. Ambas podem variar de nível leve de intensidade a níveis graves. A dependência química orgânica acaba em até duas semanas. A psicológica pode durar uma vida inteira. Em última análise, vício é a incapacidade de lidar de maneira saudável com algum prazer ou fonte de alívio, seja provocado por uma droga vendida na farmácia, no mercado ou no traficante.

Algumas pessoas trocam as suas vidas por um prazer qualquer, seja ele exaltado (como ter um cargo de status), admirado moralmente (através de trabalhos voluntários), beleza (se esforçando para ter determinado corpo) ou apenas o prazer em si (fumar "maconha" o dia inteiro). A diferença entre eles é o quanto contribuem para a vida do indivíduo na vida social, familiar, profissional ou da saúde.

As pessoas costumam largar o vício numa situação: a relação custo/benefício ficou ruim. O instinto trabalha com a ideia de curto prazo, não longo. Assim, embora a médio e longo prazo a droga possa fazer mais mal do que bem, a curtíssimo prazo (segundos ou minutos), provoca mais prazer/alívio do que problemas.

O dia em que alguém chegar à conclusão de que determinada droga faz mais bem do que mal, aí é o início da possibilidade de sair das drogas. Mas, infelizmente, algumas pessoas nunca chegarão neste ponto e viverão até o dia em que o corpo aguentar o seu uso.

Não basta dificultar o uso de drogas que provoquem prazer ou alívio intensamente, É preciso conscientizar as pessoas da verdade: bem usada pode ser um benefício, mal usada pode acabar com você. Contudo, o medo tende a funcionar melhor: "Se você usar crack (ou cigarro ou álcool), você vai morrer, perderá sua família, morará debaixo da ponte, desenvolverá câncer e perderá a ereção!".

Aprender a lidar saudavelmente com prazeres é alívio para as dores da vida e uma das tarefas mais difíceis que existem. Não basta dizer: "Isso vai te matar!", embora possa ser um começo.

* Bayard Galvão é psicólogo clínico formado pela PUC-SP, hipnoterapeuta e Palestrante.

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